O ser humano transformado em mercadoria, o sonho de uma vida melhor e o direto de migrar convertidos em armadilha e pesadelo. Esses são alguns dos efeitos do tráfico humano, um crime que já movimenta US$ 150 bilhões por ano, segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Para conscientizar a sociedade em todo o mundo e encorajar a luta contra essa realidade, a ONU (Organização das Nações Unidas) escolheu o dia 30 de julho como o Dia Mundial de enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Esta é a data em que, ainda em 2010, foi aprovado o Plano Global de Combate ao Tráfico de Pessoas adotado pela Assembléia Geral da ONU.
A Campanha Coração Azul
No Brasil e no mundo, uma série de iniciativas fazem menção e chamam atenção para o problema. Uma delas é a Campanha Coração Azul, lançada pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime Organizado (UNODC/ONU), à qual o governo brasileiro aderiu em 2013 e desde o ano passado aproveita o final de julho para realizar a Semana Nacional de Mobilização para o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
Durante a semana, é comum ver prédios públicos que trocam a iluminação convencional pela cor azul, simbolizando adesão à campanha. Em São Paulo, por exemplo, a Câmara Municipal, o Ministério Público Estadual e a Assembleia Legislativa exibem o azul em suas fachadas. Nas redes sociais, muitas pessoas expressaram apoio à campanha colocando um coração azul na foto do perfil.
“A semana é um momento de dar visibilidade às ações que acontecem o ano todo em âmbito local, nacional e internacional. É um período de fortalecimento de articulações, pactuação de fluxos de trabalho, formalização de novas parcerias e incentivo ao protagonismo do cidadão no enfrentamento cotidiano ao tráfico de pessoas. O crime é organizado, mas precisamos publicizar que já existe uma rede articulada de prevenção, atenção às vítimas e repressão em constante expansão”, lembra Lívia Maria Xerez de Azevedo, coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP) da Secretaria de Justiça e Cidadania do Ceará.
Luiz Henrique Reggi Pecora, graduado em Direito pela USP e coordenador do Abraço Cultural, ONG que atua pela reintegração dos refugiados no Brasil, reforça ainda que ações como a Coração Azul ajudam a trazer um questionamento individual e coletivo sobre a temática. “Quanto que os nossos padrões de consumo desenfreado estão relacionados à demanda por exploração do trabalho, suprida em boa medida pelo tráfico de pessoas? Como o tratamento que o Direito reserva ao mercado do sexo, bem como a marginalização do mesmo, afetam negativamente as pessoas nele envolvidas, tornando as pessoas vulneráveis ao tráfico para exploração sexual? Que a Campanha Coração Azul possa colocar um holofote sobre a questão, para que o tema não fique mais invisível à sociedade”.
Um exemplo de Ipojuca (PE)
A semana é também uma oportunidade para incentivar e expandir outras práticas de prevenção do tráfico humano. Um exemplo é Ipojuca, no interior de Pernambuco, o primeiro município no Brasil a criar um núcleo voltado à prevenção ao tráfico de mulheres, que funciona desde março de 2014.
O tema foi um dos assuntos do XXIII Fórum Gestoras de Gênero da Região Metropolitana – Goiana, Caruaru, Garanhuns e Petrolina, na última terça-feira (28). Suely Madeira, coordenadora do núcleo de Ipojuca, aproveitou o evento para fortalecer ações já feitas na região e promovê-las junto a outros municípios.
“Vamos fortalecer o Comitê de Prevenção ao Tráfico de Mulheres e incentivar outros municípios para que possam abrir Postos e Núcleos de enfrentamento e prevenção e, assim chamar a atenção das mulheres, jovens e adultas, convocando-as a se habilitarem em um propósito de prevenir e erradicar esse mal que assola o mundo”, afirma Suely.
Com informações de Planeta América Latina e BBC
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Muito boas e informativas as postagens. Estaremos compartilhando algumas, já que a nossa entidade trabalha a questão do tráfico nas regiões fronteiriças dos Países membros do Mercosul.
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