Além de permitir a comunicação e servir como meio de entretenimento, o telefone celular também poderia ser usado para prevenir tráfico humano? Uma iniciativa em fase de desenvolvimento no sul da Ásia e Oriente Médio mostra que a resposta é sim.
O Work in Freedom, programa da Organização Internacional do Trabalho (OIT, ILO em inglês) da ONU, atualmente trabalha em um projeto liderado pelo especialista em tecnologia móvel Malcom Vernon, que visa ajudar mulheres a evitarem os riscos do tráfico humano por meio do uso do telefone celular. A iniciativa tem como foco cinco países: Índia, Nepal e Bangladesh, como países fontes de tráfico humano; e Líbano e Jordânia como receptores.
O especialista parte de três pontos: o uso do celular para obter informações sobre o local de destino das migrantes, para formar redes de contatos e a utilização durante as viagens. Com isso, pretende-se elaborar meios para desenvolver redes que conectem diretamente empresas e candidatos a empregos, eliminando assim intermediários e potenciais traficantes de mão-de-obra laboral e sexual.
Vernon aproveita ainda iniciativas isoladas já existentes em meio às próprias migrantes, como o Grupo das Feministas Nepalesas no Líbano (Nari) e a Better Work, experimento já em prática na Indonésia e no Camboja.
Desafios, é claro, são vários, incluindo a questão do idioma e dos próprios modelos dos aparelhos (nem todos os celulares são do tipo smartphone, que permite acesso facilitado à internet e redes sociais). Mas o simples fato de haver iniciativas nesse meio, ainda que isoladas, já abre um extenso campo de pesquisa, trabalho e desenvolvimento de técnicas, projetos e até mesmo políticas que permitem ampliar as formas de combate e prevenção ao tráfico humano – e também serem adaptadas para outras áreas no campo das migrações.
A reportagem completa pode ser lida no jornal britânico The Guardian.