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quinta-feira, novembro 21, 2024

Como o jornalismo pode melhorar a percepção sobre refugiados? Jornalista explica em workshop

Oficina de Jornalismo Humanitário que vai acontecer durante congresso sobre refugiados em Fortaleza defende novos olhares sobre a questão

Por Eldo Pereira*
Em Fortaleza (CE)

Será realizado em Fortaleza, de 12 a 14 de novembro, o minicurso “Jornalismo Humanitário”, ministrado pela professora e jornalista Cilene Victor. A atividade faz parte da programação do I Congresso Internacional de Direito, Economia, Educação e Geopolítica – Refugiados, Transformações Globais, que discute a quantidade crescente de refugiados no cenário internacional. A ideia é colocar em pauta os temas políticos, religiosos, culturais e econômicos que entrelaçam o assunto. A atividade é gratuita e as inscrições podem ser feitas pela internet neste link.

Jornalista de larga experiência, Cilene Victor é atualmente professora titular da Universidade Metodista de São Paulo, onde leciona no Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Como jornalista, foi comentarista do Jornal da Cultura, da TV Cultura, e da TV Gazeta. Tem ministrado palestras e oficinas para diversas instituições sobre cultura de paz e comunicação, assuntos que abrem margem para elucidar questões sobre os fluxos migratórios nacionais e internacionais.

Migrantes e refugiados a caminho da Europa.
Crédito: Manu Gomez/ Fotomovimiento – 14.mar.2016

A importância do Jornalismo Humanitário

Para Cilene, a dimensão humana da cobertura jornalística sobre a crise humanitária pode melhorar a percepção que a população brasileira tem dos refugiados. “Quem são os rostos? Quem é a voz?”, indaga. De acordo com ela, esta crise foi fortemente apoiada por uma construção midiática falha, tendo como base apenas as notícias das agências de notícias internacionais e a ausência de compreensão do jornalista como um dos responsáveis pela manutenção dessa imagem.

“É trazer o jornalista para a responsabilidade”, aponta. “O que a notícia vai produzir na opinião pública? Opinião lúcida ou alucinada? Temos que ter cuidado, porque, se já existem os direitos humanos violados, temos que tomar cuidado com a imagem das vítimas para que essa violação não seja transformada numa espetacularização”. Como explica Cilene, é neste ponto que entra o jornalismo humanitário, não uma editoria, mas uma abordagem. “Ele cobre as questões humanitárias e seus atores, amparado numa ética humanitária. O jornalista tem noção do papel social do seu trabalho”, afirma.

A professora Cilene Victor, que vai ministrar o workshop de Jornalismo Humanitário.
Crédito: Divulgação

Livro Posições diante do terrorismo: religiões, intelectuais, mídias

Durante o Congresso, será também lançado o livro “Posições diante do terrorismo: religiões, intelectuais, mídias”, organizado por Cilene, Mustafa Goktepe, Yusuf Element e Roberto Chiachiri, este também professor da Universidade Metodista.

A coletânea é resultado da conferência sobre terrorismo promovida pelo Centro Cultural Brasil-Turquia na Faculdade Cásper Líbero em 2016. A obra discute a construção do terrorismo por meio de temas como religião e política, numa abordagem multidisciplinar que ajuda a entender a complexidade do assunto.

“Quando o refugiado está lá, eu desenvolvo empatia. Quando ele está aqui, ele vai provocar essa ideia do pânico moral. Nós estamos discutindo um terrorismo midiaticamente construído e representado”, ressalta Cilene, citando também a seletividade da imprensa. O critério de optar pela cobertura de um atentado de Paris em vez de um no Cairo que matou um número maior de pessoas é uma problemática que deve ser questionada, por exemplo.

Capa do livro Posições Diante do Terrorismo, que será lançado durante o Congresso em Fortaleza.
Crédito: Divulgação

“Não é colocar em balança quais vidas valem mais ou valem menos, em hipótese alguma. Mas entender que existe uma construção midiática do terrorismo e que muitas vezes nós estamos discutindo esse terrorismo, e não baseado numa realidade que está sendo acompanhada por estudiosos, pesquisadores, mais independentes do que as fontes oficiais”, pondera.

O workshop “Jornalismo Humanitário” tem início já no primeiro dia do Congresso Refugiados, Transformações Globais, que, em sua primeira edição, contará com mais de vinte atividades. Com expectativa de mais de 1.500 pessoas, o evento tem apoio do Instituto Latino Americano de Estudos sobre Direito, Política e Democracia, do Viés, da Comissão de Direitos Humanos da OAB e do Observatório das Nacionalidades, rede de pesquisa da Uece.

SERVIÇO

Workshop – Jornalismo Humanitário ministrado por Cilene Victor
Data: 12 a 14 de novembro
Local: Faculdade de Economia da UFC (FEAAC); I Congresso Internacional de Direito, Economia, Educação e Geopolítica – Refugiados, Transformações Globais
Endereço: Av. da Universidade, 2431 – Benfica, Fortaleza – CE, 60020-180
Inscrições e mais informações: www.refugiadosglobais.com.br/ – (85) 3366-7827

*O MigraMundo é um dos parceiros do Congresso e vai disponibilizar, nos próximos dias, reportagens especiais produzidas a partir do evento

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