Por Vitória Dell’Aringa Rocha
Idealmente, se tivesse a oportunidade, você se mudaria permanentemente para outro país ou preferiria continuar vivendo no país onde vive hoje? Essa foi a pergunta que uma pesquisa da Gallup, empresa global de análise e consultoria, procurou responder com entrevistas a adultos de 142 países.
A pesquisa revelou que, atualmente, o desejo de migrar é maior do que era há dez anos, e que essa tendência não é verificada apenas em regiões que são, tradicionalmente, emissoras de migrantes, mas, também, em países reconhecidos como sendo os principais receptores, como Estados Unidos e Canadá.
Mais de 900 millhões de pessoas – em torno de 16% da população global – expressa que, se fosse possível, gostariam de deixar seus países permanentemente. O percentual se aproxima do que foi observado em 2021 e 2022, mas é pouco maior do que a média de 12% a 15% verificada entre 2011 e 2018.
Os últimos três anos correspondem a um período de migração record no mundo, subsequente a uma desaceleração migratória durante a pandemia de Covid-19. A pesquisa aponta que, em 2022, por exemplo, os índices de migração permanente nos países que fazem parte da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) atingiram níveis sem precedentes.
Vale destacar que a pesquisa identificou que o percentual daqueles que planejam, de fato, migrar, é menor do que daqueles que desejam migrar.
Regiões com o maior desejo de migrar e países mais desejados
Na América Latina, 28% da população respondeu que desejava migrar em 2023, menos do que os 34% registrados em 2021 e 2022, mas, ainda sim, um aumento significativo em relação aos 18% que queriam mudar de país em 2011. No Equador, Honduras e República Dominicana, o desejo de migrar foi verificado em 50% dos entrevistados, estando os dois primeiros entre os dez países com o maior desejo de migrar no mundo.
Outros sete países dessa lista estão localizados na África Subsaariana: Libéria, Serra Leoa, Gana, República Democrática do Congo, Nigéria, Gâmbia e Comores. Na região, 37% das pessoas responderam que desejavam migrar em 2023, um aumento significativo em relação a 2011, quando 29% queriam deixar seus países.
No Brasil, segundo o Gallup, o desejo de migrar está em 23%, uma queda em relação aos 31% verificados na edição anterior do levantamento. É ainda o segundo menor índice na América do Sul, atrás somente do Paraguai (17%)
Apesar de um em cada cinco entrevistados ter dito que gostaria de migrar para os EUA em 2023, sendo este o país mais vezes mencionado como destino almejado, o percentual é menor do que o registrado em 2011, quando 22% responderam que desejavam migrar para lá. Completando a lista de países mais desejados, encontram-se Canadá, Alemanha, Austrália e Espanha.
Mais pessoas querendo deixar os EUA e o Canadá
No Canadá, 20% da população desejava deixar o país em 2023, quase o triplo dos 8% observados em 2011. Tendência similar foi notada nos Estados Unidos: 17% dos entrevistados queriam migrar no ano passado, enquanto apenas 10% desejavam o mesmo em 2011.
Nesse sentido, uma das principais conclusões da pesquisa foi que, apesar de os países que tendem a ser receptores estarem focados em políticas e ações relacionadas à entrada de migrantes, também deveriam considerar que muitas pessoas que ali vivem mudariam de país se pudessem – e ponderar todas as consequências que essas saídas poderiam acarretar se concretizadas.
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