Por meio de ONGs e projetos pessoais, jornalista brasileira iniciou os trabalhos voluntários no Brasil e hoje ajuda famílias e crianças refugiadas pelo mundo
Por Amanda Louise
Em São Paulo (SP)
Enquanto fronteiras se fecham e muros internos são construídos, algumas pessoas buscam as pontes para ligarem-se umas às outras. E vão além, dando atenção e afeto para aqueles que vivem cercados por tragédias e destruição. Uma delas é a jornalista brasileira Alethea Rodrigues Solha, que trabalha como voluntária há 11 anos com questões humanitárias – sendo que os últimos três anos tem sido dedicados às crianças refugiadas.
Clique aqui para assinar a Newsletter do MigraMundo
Natural de São Paulo e com cidadania lusitana, a também estudante de Relações Internacionais trabalhou por oito anos na Record TV e atuou mais três como repórter policial, mas encontrou no voluntariado a paixão e sensação de sentir-se viva. Começou através de uma ação da Cruz Vermelha para ajudar as pessoas atingidas pelas enchentes em Santa Catarina, de 2008, e não parou mais, atuando em diversas ONGs (Organizações Não Governamentais) no Haiti, Peru, Grécia e Líbano. No Brasil, atuou junto às ONGs Adus e OASIS Solidário e também é colaboradora do MigraMundo desde março de 2017.
Em cada parada, coletou aprendizados e a certeza de que estava no caminho certo, inclusive ao “se encontrar” na causa dos refugiados. “Comecei a conhecer famílias refugiadas, não somente sírias, mas de várias partes do mundo; conhecer histórias, escrever reportagens, participar, ajudar, me envolver em projetos”. Alguns desses materiais, inclusive, se tornaram reportagens no MigraMundo.
Alethea sempre esteve envolvida em projetos com crianças, como no Peru, em 2009, onde colaborou na Aldea Yanapay e na Divisão de Investigação Criminal de Cusco, ambos com trabalhos voltados para a educação infantil e juvenil, respectivamente. “Sou apaixonada por crianças e cada momento que vivia tocava meu coração e me fazia uma pessoa melhor”, enfatiza. Sentimento que só aumentou conforme se deslocava para os outros países.
Foi durante passagens por Grécia e Líbano que a voluntária realizou dois projetos pessoais. O primeiro deles é fruto de pouco mais de um mês que esteve em campos de refugiados na capital grega, em maio de 2017, produzindo a exposição “Um Sonho e Um Sorriso” (apresentada em novembro do mesmo ano), com cartazes desenhados pelas próprias crianças sobre as expectativas futuras.
O segundo se tornou realidade neste ano, no Líbano, quando trabalhou com órfãos de pai e mãe que estão no país, por conta da guerra que assola a vizinha Síria desde 2011. Além de conhecer um casal de brasileiros que acolhem crianças e famílias refugiadas, desenvolveu uma atividade em vídeo com jovens sírios, narrando seus traumas, sonhos e esperanças para o futuro.
Trabalhos como esses, como diz Alethea, auxiliam na conscientização da população acerca da temática e ajudam a levar um pouco mais de amor para as crianças que convivem com esses transtornos. Hoje, a jornalista está se estabelecendo na Europa para aprofundar seus estudos com um mestrado, mas não exclui a responsabilidade iniciada anos atrás. “Eu quero continuar voluntariando para o resto da minha vida, (…) quero continuar voluntariando e ajudando pessoas”.
De acordo com mais recente relatório do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), 53% da população deslocada no mundo (refugiados e deslocados internos) é formada por crianças – incluindo as desacompanhadas ou separadas de suas famílias.