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sábado, novembro 23, 2024

Equipe de refugiados repete Olimpíada e faz história também nos Jogos Paralímpicos

Se os Jogos Olímpicos de Paris-2024 já haviam entrado para a história com a primeira medalha conquistada pela equipe de refugiados, o time de representantes na Paraolimpíada ainda reservava um novo feito.

Depois do bronze conquistado pela pugilista Cindy Ngamba nos Jogos de Paris, mais duas medalhas de bronze foram alcançadas pela delegação paralímpica na competição, encerrada no último domingo (8).

Em Paris, a equipe paralímpica de refugiados foi representada por oito atletas e dois guias, que competiram em seis das 22 modalidades disponíveis — atletismo, halterofilismo, tênis de mesa, taekwondo, triatlo e esgrima em cadeira de rodas.

Esse é um avanço considerável em relação aos Jogos Paralímpicos do Rio 2016, onde a equipe contava com apenas dois atletas refugiados, e para Tóquio 2020, quando o número aumentou para seis.

Segundo estiamtivas do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, cerca de 120 milhões de pessoas estão sob deslcoamento forçado no mundo, tanto dentro dos países de origem como em locais distintos dos que nasceram. Desses, de acordo com a entidade, em torno de 18 milhões têm algum tipo de deficiência.  

As conquistas de Zakia e Guillaume

A primeira medalha paralímpica da equipe foi conquistada pela afegã Zakia Khudadadi, de 25 anos, que competiu na categoria até 47 kg do Parataekwondo. Em sua terceira participação de Zakia nas Paralimpíadas, e a atleta conquistou a medalha nos últimos segundos da luta contra a turca Nurcihan Ekinci. A conquista rendeu-lhe uma congratulação de Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC).

“Parabéns, Zakia, pela primeira medalha da história da Equipe Paralímpica de Refugiados! Estou muito orgulhoso de você; a medalha é sua”, afirmou o presidente.

Zakia ganhou manchetes em todo o mundo após uma fuga dramática poucos dias antes dos Jogos de Tóquio 2020. Desde então, ela vive na França. “Estou tão, tão feliz, porque hoje é o sonho da minha vida. Esta medalha é para todos os refugiados do mundo”, declarou Zakia, emocionada.

Para chegar à Paralimpíada, Zakia venceu o Campeonato Europeu de Taekwondo de 2023 na categoria até 47kg. A conquista, assim como a medalha em Paris, foram dedicadas às mulheres de sua terra natal, que sofrem terrível perseguição por parte do grupo radical Taleban (que tomou o poder no Afeganistão em 2021). 

A segunda medalha veio do camaronense Guillaume Junior Atangana, que conquistou o bronze na categoria atletismo masculino 400m T11 com um tempo de 50:89.

“Estou muito feliz por ter esta medalha. Isso mostra que o movimento paralímpico está impulsionando os refugiados e é uma honra para mim: escrevi meu nome na história”, disse Guillaume.

Porta-bandeira da Equipe Paralímpica de Refugiados na Cerimônia de Abertura, o atleta perdeu a visão gradualmente durante a infância e, aos 12 anos, ficou completamente cego. Desde então, deixou o futebol e dedicou-se à corrida.

“Quero mostrar ao mundo que ser cego não significa que sua vida acabou; você ainda pode fazer grandes coisas”, afirma o atleta, buscando inspirar outras pessoas com a mesma deficiência.

“Zakia e Junior representam o que há de melhor no espírito humano. Suas medalhas são mais do que vitórias pessoais; são um símbolo de esperança para milhões de refugiados em todo o mundo”, declarou o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, em comunicado à imprensa.

Veja abaixo os nomes dos atletas que fizeram parte da deleção de refugiados nos Jogos Paralímpicos de Paris. No portal do Comitê Paralímpico Internacional há uma entrevista com cada competidor.

Apesar de passar uma mensagem de superação e do potencial de integração social a partir do esporte, há também uma crítica latente a esse tipo de iniciativa por parte de alguns especialistas. Eles consideram que um time formado por refugiados reforça o estigma desses indivíduos em uma situação de limbo, sem pertencimento a uma nação – ou seja, sem representar nem o país de origem, nem o de acolhimento.

Esse debate foi abordado no MigraMundo em uma publicação de setembro de 2021, poucas semanas após os Jogos de Tóquio.


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