Evento mescla dezenas de nacionalidades, histórias e emoções de quem é imigrante, descendente ou simplesmente adotou para si uma nova cultura
Por Antonella Vilugrón Pulcinelli
Em São Paulo (SP)
Ir da Rússia a Camarões ou da Bolívia à Coreia do Sul em poucos passos. Começar o dia ouvindo e assistindo apresentações da Ilha da Madeira e terminar com uma dança polonesa. Ou degustar um almoço congolês, uma sobremesa peruana e beber um chope típico alemão ou uma cerveja lituana.
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Essas e outras combinações mirabolantes são possíveis na Festa do Imigrante, que chegou à sua 23ª edição e teve início neste final de semana (dias 09 e 10/06) em São Paulo. Assim como em 2017, cerca de 50 nacionalidades estiveram representadas por imigrantes, descendentes e admiradores de culturas diversas – do Chile ao Vietnã, da Itália a Moçambique, da Noruega à Síria.
A Festa do Imigrante estava prevista para começar em 3 de junho, mas precisou remanejar suas datas devido à paralisação de caminhoneiros no final de maio, que causou atrasos na entrega da infraestrutura do evento e de produtos usados pelos expositores. Com isso, a data final da festa foi estendida para o próximo sábado (16).
A festa conta com 49 barracas de comidas típicas e outros 29 estandes com artesanatos de diversos países. Neste o evento contou com atrações como o espaço “Sabor Paulista” – onde foram dadas oficinas de culinária ministradas por cozinheiros de comunidades imigrantes. Aconteceram também workshops de dança e música, como a Ciranda à Moda Grega e a Dança do Dragão Chinês.
Uma novidade da edição deste ano é o espaço denominado Empório, idealizado para oferecer produtos artesanais como pães, vinhos, queijos, cervejas e sucos preparados por imigrantes e descendentes.
Assim como nos anos anteriores, a Festa do Imigrante contou com o espaço “Faz de Conta”, criado para ensinar as crianças sobre outras culturas de uma forma bem divertida. A apresentação fica por conta dos grupos As Clês, Agrupamento Teatral e Teatro por um Triz.
Aprendizados e emoções
Em cada apresentação, barraca e espaço dentro da festa era possível ver a alegria das pessoas que estavam ali mostrando a cultura de seus antepassados e/ou que adotaram uma cultura migrante para si.
“É extremamente gratificante participar da festa porque a gente acaba expandindo um pouco mais da cultura, as pessoas tem oportunidade de conhecer outros lugares”, contou a professora de dança Gisele Cortez, do Espaço Artístico e Terapêutico Malaika, que levou danças de países árabes ao evento – especialmente a famosa dança do ventre.
“Para mim o museu é acima de tudo uma emoção grande. Desde muito pequeno, a primeira vez que eu dancei aqui foi primeira ou segunda edição da festa. Nós fazemos a barraca, na barraca eu tenho a receita de vodka da minha família que meu avô trouxe para o Brasil, as comidas também, o artesanato… São coisas que gente via como intangível quando meu avô era vivo. A gente faz questão de tanto na alimentação quanto no artesanato tornar isso acessível para todo mundo conhecer”, conta um emocionado Daniel Petrika Pasicznik, descendente de russos e integrante da Cia. Balalayka de Dança e Folclore da Rússia. “Quem me vê aqui na barraca contanto história o tempo inteiro, o que eu aprendi aqui em vários anos, sobre tradição, sobre família, sobre juntar uma colônia, sobre tudo. Eu cresço aqui todo ano”, completa ele, que também ajudava em uma das barracas representando a Rússia na festa.
O Arsenal da Esperança
Além do Museu da Imigração, o espaço da antiga Hospedaria do Brás também é ocupado pelo Arsenal da Esperança – que é justamente onde ocorre a maior parte da festa.
O Arsenal da Esperança é uma casa criada em 1996 pelo SERMIG – Fraternidade da Esperança, que acolhe nas mesmas instalações onde funcionou a Hospedaria cerca de 1.200 homens em situação de vulnerabilidade social todas as noites. Nesses seus anos de funcionamento já foram acolhidas mais de 58 mil pessoas, 5 milhões de atendimentos realizados e 15 milhões de refeições servidas.
Durante a Festa do Imigrante os dormitórios do Arsenal ficam abertos para visitação, e o refeitório é utilizado pelas pessoas que comem no evento. Quem quiser colaborar com o trabalho feito na casa pode comprar itens de artesanato vendidos em uma barraca dentro da festa ou visitar o bazar, que fica aberto todos os dias.
Como a Festa do Imigrante só termina no próximo sábado, ainda dá tempo de fazer (ou refazer) sua volta ao mundo sem precisar sair da antiga hospedaria.
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