Um dos diversos eventos que se adaptaram ao ambiente online em razão da pandemia de Covid-19, o Fórum Social Europeu de Migrações (FSEM) está com inscrições abertas para atividades autogestionadas até o próximo dia 7 de março. A programação ocorre entre os dias 15 e 26 do mesmo mês, a partir de Lisboa (Portugal).
As atividades autogestionadas são uma das marcas do Fórum Social Mundial, do qual o Fórum de Migrações é um dos eixos. Por meio delas, indivíduos, coletivos e associações ligadas à academia e à sociedade civil podem propor e realizar discussões de forma independente para o evento, desde que relacionadas com um dos quatro eixos temáticos, descritos abaixo:
- direitos econômicos;
- direitos ambientais, sociais e culturais;
- direitos políticos;
- direitos humanos.
O formulário para inscrição das atividade, bem como as orientações necessárias para tal, estão disponíveis no site oficial do FSEM (clique aqui).
O propósito destas atividades é de levantar ideias e proposições dos atores envolvidos na área das migrações. As contribuições das atividades autogestionadas serão sistematizadas pelos organizadores da atividade e debatidas na segunda etapa do FSEM, durante sessões de convergências por eixos que acontecerão entre 23 e 24 de março. A plenária de encerramento do Fórum acontece no dia 26.
Reflexão e mobilizações
“O FSEM é fundamental para a reflexão das políticas de e para a imigração na Europa. Num tempo em que assistimos à criminalização da solidariedade, ao crescimento do discurso de ódio contra as pessoas migrantes, refugiadas e pertencente a minorias etnico-raciais, é fundamental que a sociedade civil seja parte integrante da avaliação das políticas públicas para a igualdade de direitos e oportunidades desses grupos e que proponham políticas alternativas, que promovam de fato a igualdade e uma vida digna para todos/as que vivem na Europa”, destaca Cyntia de Paula, que preside da Casa do Brasil de Lisboa (Portugal).
O Fórum ganha ainda importância especial em razão da pandemia de Covid-19, que além de influir no formato da atividade também causa uma série de efeitos sobre a mobilidade humana global.
“Há uma pandemia que afeta milhões de trabalhadores, em especial os migrantes, tanto na origem, como no trânsito e no destino, e é muito importante que, neste momento, aconteça um Fórum Social Europeu de Migrações. Podemos, a partir de Lisboa, construir uma agenda conjunta entre uma diversidade de atores sociais implicados na pauta migratória, uma agenda que aponte caminhos de luta articulados para propor à União Europeia medidas que possibilitem uma migração mais segura, com direitos, e com respeito aos direitos humanos”, completa Paulo Illes, representante externo da Organização para Uma Cidadania Universal e da Rede Sem Fronteiras.
O que é o Fórum Social Mundial de Migrações
Nascido como um dos eixos do Fórum Social Mundial, o Fórum dedicado às migrações ocorre desde 2005, quando teve sua primeira edição, em Porto Alegre. Ele também já foi realizado na Espanha (2006 e 2008), Equador (2010), Filipinas (2012), África do Sul (2014), Brasil (2016) e México (2018). As edições de 2014 e 2016 contaram com cobertura in loco do MigraMundo.
As etapas regionais do Fórum, divididas por continentes, são um legado da edição geral de 2018, ocorrida na Cidade do México. A primeira delas foi realizada nas Américas, a partir do Uruguai, em outubro de 2020, na modalidade virtual por causa da pandemia de Covid-19.
A edição americana reuniu 550 participantes de 352 organizações e 38 países, que estiveram presentes em cerca de 30 atividades virtuais. Além da edição europeia, a expectativa é que outras regiões promovam suas etapas, reflexões e mobilizações.
Essas etapas regionais visam contribuir ainda com uma nova edição unificada, que deve ocorrer em 2022, em local a ser definido. Sabe-se, no entanto, que será em um país banhado pelo mar Mediterrâneo – que carrega uma forte mensagem, em razão de ser ponto de travessia entre migrantes que saem da África em direção à Europa, em jornadas cada vez mais perigosas.
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