Os jogos da III Copa de Integração dos Refugiados acontecerão nos dias 10, 16 e 17 julho, no SESC Itaquera, com entrada gratuita
Por Lu Sudré
“Futebol é a minha vida. Sabe aquelas pessoas que falam: ‘Minha vida é meu trabalho e minha família?’ Pra mim é só trocar o trabalho pelo futebol”, conta o congolês Darmol, de 19 anos, enquanto assiste os refugiados de Camarões jogarem uma partida de seu esporte preferido contra um time de brasileiros.
Refugiado no Brasil há um ano e quatro meses, Darmol presta atenção e comenta os lances da arquibancada. O meio-campo do time do Congo aproveitava para descansar após a partida que jogou minutos antes contra brasileiros, em que os congoleses saíram vitoriosos.
Os refugiados entraram em campo em razão da abertura da III Copa de Integração dos Refugiados, que aconteceu no último sábado (04) no SESC Itaquera, zona leste de São Paulo. A abertura oficial contou com sorteio dos times que jogarão a primeira rodada, que podem ser conferidos ao final do texto, e também com jogos amistosos entre os campeões da última Copa e dois times brasileiros convidados pelo SESC. Com entrada gratuita, os demais jogos acontecerão dia 10, 16 e 17 de julho – eliminatórias, semifinal e final, respectivamente – também no SESC Itaquera.
Organizada pela primeira vez em 2014, pegando o gancho do Mundial da Fifa, a Copa dos Refugiados teve a participação de 16 times em sua primeira edição e 19 times em 2015. Este ano, são ao todo 26 seleções na disputa – algumas delas participaram de jogos eliminatórios no final de maio para definir os 16 times que disputarão a fase de julho. A Nigéria foi campeã da primeira edição e Camarões, vice da Copa dos Refugiados em 2014, levou o título no ano passado.
Promovido pelos próprios refugiados, o evento é apoiado pela Caritas Arquidiocesana de São Paulo, pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) e pelas Secretarias de Direitos Humanos e de Transporte da Prefeitura de São Paulo.
“Jogava profissionalmente na minha terra mas aqui a realidade da vida é outra. Tem o problema da língua, da documentação, é complicado. Eu fui na Portuguesa uma vez pra fazer um teste mas não pude por conta de documento”, explica Darmol, que fala português muito bem mas sem deixar o sotaque de lado.
O congolês veste o uniforme do time, mas tem uma camiseta preta e branca enrolada no pescoço. Adotou o Corinthians como seu time brasileiro. “Pra mim é uma grande oportunidade. Não tenho ninguém pra me levar e apresentar nos times, mas enquanto estamos jogando aqui na Copa dos Refugiados pode ter algum olheiro assistindo. Se jogar bem, como eu, pode dar certo. Dois minutos jogando e eles já percebem que sou bom”, diz aos risos.
O Congo foi vice-campeão ano passado e a expecta expectativa é de Darmol é que o segundo lugar possa se tornar o primeiro novamente. Mas se depender de João Patrik, goleiro de Camarões e refugiado há quase cinco anos no Brasil, isso não vai acontecer. “Estou aqui pra defender o troféu que ganhamos ano passado e estou torcendo para ganharmos de novo”, afirma com muita confiança, mas logo em seguida brinca e admite que está um pouco preocupado porque ganhou peso do ano passado pra cá e seu preparo físico não é mais o mesmo.
Para o camaronês de 40 anos, a Copa de Integração dos Refugiados é um momento de diversão. “É pros estrangeiros poderem se juntar e comemorar que o momento difícil que nos fez vir pra cá passou para nós. É momento de comemoração. Não importa quem ganha, o que importa é que estamos rindo, felizes. O jogo só acompanha nossa alegria”.
Segundo Maria Cristina Morelli, coordenadora da Caritas Arquidiocesana de São Paulo, centro de referência para refugiados que há décadas desenvolve um trabalho social com os solicitantes de refúgio e refugiados do país, o mais importante é atenção que se volta para a temática do refúgio por meio da Copa. “Não é o jogo pelo jogo e sim pela sensibilização do tema. O futebol aproxima as pessoas e, por ser um esporte que gostamos muito, é uma forma de aproximar os brasileiros dos refugiados”, afirma.
De acordo com dados divulgados recentemente pelo Comitê Nacional dos Refugiados (Conare), o Brasil tem hoje 8.863 refugiados reconhecidos. “Além da integração, o evento dá visibilidade aos refugiados de outras nacionalidades que não estão na mídia. Ano passado recebemos 87 nacionalidade diferentes na Caritas”, complementa a coordenadora, que ressalta o protagonismo dos refugiados para realizar o evento. “Eles organizaram esta edição da Copa com total autonomia. Foram atrás de parceiros, doações, camisetas, medalhas e cobertura da mídia. Isso é muito importante, deve ser valorizado”.
Por meio de um convênio entre o SESC e a Caritas, os refugiados tem direito aos serviços da instituição por meio da Matrícula de Interesse Social (MIS). “É uma obrigação humanitária. Estendemos as atividades do SESC para essas pessoas”, pontua Denise Orlandi Collus, gerente de Estudos e Programas Sociais da instituição.
Veja quais serão as partidas da primeira rodada da Copa, a partir das 10h:
[…] para os refugiados que chegam à cidade. Em julho, nos dias 10, 16 e 17, será realizada a 3ª Edição da Copa dos Refugiados, no Sesc […]
[…] que realizou seu primeiro grande evento no último dia 19 em São Paulo. E em julho acontece a Copa dos Refugiados, que usa o futebol para promover a integração entre refugiados e […]
[…] que realizou seu primeiro grande evento no último dia 19 em São Paulo. E em julho acontece a Copa dos Refugiados, que usa o futebol para promover a integração entre refugiados e […]