Atualizado às 17h55 de 3.ago.2023
Uma série de explosões em um silo de secagem de grãos da C.Vale, cooperativa agroindustrial de Palotina, no oeste do Paraná, deixou nove pessoas mortas. O acidente ocorreu na última quarta-feira (26). Das vítimas, oito são migrantes haitianos e um brasileiro.
Os motivos das explosões ainda não foram identificados. O Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Civil do Paraná (PC-PR) instauraram inquérito para investigação das causas da tragédia.
Outras 11 pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas para hospitais da cidade e região. Uma delas teve de ser levada para a capital do estado, Curitiba.
Em nota, a C.Vale disse que está colaborando com as forças de segurança a respeito do acidente.
Moradores da região afirmaram que sentiram o tremor causado pelas explosões no silo da C.Vale. Em alguns casos, segundo as testemunhas, vidros das residências chegaram a quebrar.
Quem eram os haitianos
As identidades das pessoas mortas foram divulgadas pela Polícia Civil de Palotina, na quinta (27). A identificação foi feita a partir da coleta e confronto de impressões digitais. As vítimas de nacionalidade haitiana foram veladas em conjunto no Ginásio de Esportes Romeu Hendges nesta sexta-feira (28).
Uma delas, Wicken Celestin, de 55 anos, fazia um serviço em túnel subterrâneo abaixo de armazém com capacidade para 11 mil toneladas de grãos na cooperativa C.Vale e foi encontrado três dias depois, na segunda-feira (31).
Michelet Louis – 41 anos (haitiano)
Jean Michee Joseph – 29 anos (haitiano)
Jean Ronald Calix – 27 anos (haitiano)
Donald ST Cyr – 24 anos (haitiano)
Wicken Celestin – 55 anos (haitiano)
Eugênio Metelus – 53 anos (haitiano)
Reginaldo Gegrard – 30 anos (haitiano)
Wicken Celestin – 55 anos (haitiano)
Saulo da Rocha Batista – 53 anos (brasileiro)
A migração haitiana para Palotina, assim como para outras localidades do Paraná, começou a se fazer presente a partir da década passada. Em 2010, um terremoto devastou o Haiti e intensificou uma diáspora já presente na história do país caribenho. O Brasil, que se fazia presente a partir da força de paz da ONU (Minustah), passou a ser visto como uma opção a mais de migração. De acordo com a imprensa local, as primeiras notícias sobre haitianos no município paranaense data de 2012.
Os haitianos eram contratados do Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias (Sintomege) e atuavam como movimentadores de mercadorias na cooperativa, que disse estar colaborando com as forças de segurança.
Manifestações de solidariedade
Em nota conjunta, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Rede Cáritas Regional Paraná apresentaram profundo pesar e solidariedade aos familiares das vítimas.
“É com imenso pesar que fomos informados sobre esta tragédia e que nosso lamento possa repercutir em condições dignas de trabalho e de acesso irrestrito a direitos por parte da população em deslocamento forçado que chega ao Brasil buscando meios dignos para sua integração local”, afirmou Oscar Sanchez Pineiro, Representante Adjunto do ACNUR Brasil.
Ainda de acordo com o ACNUR, o acompanhamento sobre o caso está sendo feito mais ativamente pela Cáritas Toledo e pela Embaixada Solidária, que atuam em defesa da população refugiada e migrante no Paraná. O telefone disponibilizado pela entidade para apoio a vítimas, familiares e amigos é (45) 99935-3486.
O governo do Paraná decretou luto oficial de três dias, a partir de quinta-feira. Por meio das redes sociais, o presidente Lula manifestou pesar pela tragédia. “Gostaria de manifestar meus sentimentos e minha solidariedade aos trabalhadores e seus familiares, bem como a disposição do governo federal para auxiliar no que for necessário”.
Também pelas redes sociais, a deputada federal Carol Dartora (PT-PR) cobrou providências do poder público sobre o caso. A parlamentar é a atual vice-presidente da Comissão Mista do Congresso Nacional sobre Migrações Internacionais e Refugiados (CMMIR).
“Não sabemos as causas da explosão, mas esse fato ajuda a expor uma realidade: a população migrante no Paraná existe e está exposta em trabalho insalubres ou alta periculosidade. O poder público preciso olhar para isso”.
Com informações de G1, CBN Curitiba e Paraná Portal