Os protestos contra a morte da jovem iraniana Mahsa Amini, que tem levado milhares de pessoas às ruas no Irã e fora dele, também se fizeram refletir no Brasil nesta sexta-feira, ainda que em escala menor na comparação a outros países.
Um grupo de pelo menos 30 pessoas se reuniu no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) para expor sua insatisfação com o regime que desde 1979 governa o país asiático e possui uma visão mais restrita da fé muçulmana.
Mahsa Amini foi detida na capital iraniana, Teerã, pela polícia moral do país por supostamente deixar parte do cabelo à mostra sob o véu islâmico. A detenção teria como objetivo “educar” a jovem, que saiu da prisão diretamente para o hospital, onde morreu no último dia 16 de setembro.
Na capital paulista, os manifestantes seguravam cartazes com fotos de Mahsa Amini e mensagens como “Revolta contra o véu islâmico”, “abaixo a ditadura” e “freedom in Iran” (liberdade no Irã, em inglês). O ato atraiu também a atenção de parte dos pedestres que circulavam pela avenida Paulista.
“Para nós que somos poucos iranianos que moramos aqui, foi uma boa oportunidade”, comentou a cantora iraniana Mahmonir Nadim, que vive no Brasil desde 2012, sobre a importância do ato.
O ato também ajuda a consolidar a avenida Paulista como um ponto no qual as comunidades migrantes podem expor suas demandas. Entre as mobilizações já registradas recentemente por lá estão as de ucranianos e de turco. A via também foi palco das últimas edições da tradicional Marcha dos Imigrantes, que acontecia anualmente até 2019 e não ocorreu nos últimos anos em razão da pandemia de Covid-19.
Arte como protesto
Poucas semanas antes da morte de Mahsa Amini, Mahmonir e a irmã, Mahsima, se uniram em um protesto contra a situação das mulheres no Irã, por meio de um ensaio fotográfico. A ação foi destacada pelo MigraMundo no último 16 de setembro, dia em que foi confirmada a morte da jovem na capital iraniana.
“Nós estamos aqui para lutar para criar igualdade e eliminar a discriminação de mulheres e meninas”, completou a cantora, ao falar do ensaio.
Nos protestos de rua no Irã, algumas mulheres têm arrancado seus hijabs, girando-os no ar. Outras cortam o cabelo ou jogam os véus em fogueiras.
Embora o véu islâmico, em suas diversas variações, seja importante para as muçulmanas, parte dos países islâmicos não considera o uso obrigatório para as mulheres muçulmanas e nem para as de outras religiões. O Irã, no entanto, obriga o uso da vestimenta.