Desde meados de maio, colombianos aguardam no aeroporto internacional de Guarulhos (SP) um voo que os levem de volta ao país de origem. Entre eles, então imigrantes, estudantes e turistas de todas as idades.
Afetados pela crise do novo coronavírus (Covid-19), o grupo pede ajuda do governo colombiano para voltar à Colômbia por meio de um voo sem cobrança de passagens. Enquanto isso não acontece, eles esperam em Cumbica —nome informal pelo qual é conhecido o aeroporto paulista.
Segundo informações dos próprios colombianos, o grupo é formado atualmente por cerca de 200 pessoas entre adultos e crianças, a mais nova de pouco mais de um mês de idade.
Entretanto, o grupo deve aumentar. Isso porque a cada dia chegam mais conterrâneos que residiam em outras cidades brasileiras e buscam voltar para a Colômbia, pois ficaram sem recursos no país em meio à pandemia. Entre os turistas, a alegação é de voos foram cancelados antes que pudessem retornar da viagem.
Por conta do número de pessoas, o grupo, que começou a se formar por volta do dia 10 de maio, está abrigado em três partes do terminal 2 do aeroporto internacional. Apesar de doações de colchões e barracas, a maioria dorme no chão, enquanto uma mangueira no banheiro serve de chuveiro.
Voo humanitário?
O grupo pede que o governo colombiano, por meio da Embaixada da Colômbia, disponibilize um voo sem custos para repatriá-los. Porém, até agora, a única proposta recebida, segundo eles, é de passagens pagas — a partir de US$ 420 (RS 2.300) para quem não tinha bilhetes, e de US$ 140 (R$ 770) para aqueles que tinham, mas cujos voos foram cancelados por conta da Covid-19.
Muitos já estão com pouco dinheiro para se alimentar enquanto aguardam um novo avião fazendo com que seja inviável o pagamento de qualquer valor nas passagens.
A ajuda no dia a dia e na alimentação ocorre por meio de marmitas, doações e auxílio do próprio aeroporto. As refeições têm sido preparas num fogão à lenha próximo ao local.
Pelas redes sociais, colombianos residentes no Brasil buscam doações para auxiliar os conterrâneos. Ao mesmo tempo, também fazem pressão junto às representações diplomáticas para auxiliar o grupo no retorno sem custos à Colômbia.
Segundo apuração do MigraMundo, um novo voo está previsto para a próxima quinta-feira (4), que vai repatriar 30 pessoas que conseguiram arcar com os custos da viagem. Entretanto, a maioria absoluta não dispõe de recursos e depende de ajuda para retornar.
O que dizem as organizações
Em nota, a GRU Airport, que administra o aeroporto de Guarulhos, afirma estar em contado com o consulado e que vem acompanhando a situação.
Já o governo da Colômbia afirma que, por meio de três voos, repatriou 346 pessoas desde abril, que arcaram com os custos pessoais do retorno. A Embaixada da Colômbia afirma que tem se esforçado para organizar um próximo voo com o valor mínimo possível por passageiro.
Ao portal G1, o Consulado da Colômbia em São Paulo disse em nota que, pela legislação atual do país, não é possível garantir a volta dos colombianos sem custos.
A Prefeitura de Guarulhos ofereceu abrigo para o grupo, mas estes preferiram ficar no local para garantir que voltarão ao seu país. Além disso, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social (SDAS) e da Unidade Básica de Saúde (UBS) Cumbica Mário Macca, a gestão municipal disponibilizou 400 máscaras de tecido, 50 frascos de álcool em gel de 30 ml, 800 pães e 10 quilos de leite em pó, além de prestar atendimento médico aos adolescentes e crianças do grupo.
Para buscar uma solução para a questão o Ministério Público Federal (MPF) convocou uma reunião virtual de emergência no dia 27 de maio com representantes do consulado, da embaixada da Colômbia, do Ministério das Relações Exteriores, da concessionária GRU Airport, da delegacia especializada da Polícia Federal no aeroporto e da Prefeitura de Guarulhos.
“O MPF buscará, nessa reunião emergencial, uma solução que garanta os direitos humanos dos colombianos acampados no Aeroporto Internacional de Guarulhos”, afirma o procurador da República Guilherme Rocha Göpfert. “Estamos confiantes que chegaremos a um bom termo para essa crise humanitária em meio a pandemia da Covid19”.
Até o momento, nenhuma ação foi declarada pelo MPF.
Como ajudar
Quem quiser ajudar com produtos e alimentos, a Casa do Povo, localizada no bairro paulistano do Bom Retiro, está recebendo itens a serem repassados aos colombianos acampados em Guarulhos.
Casa do Povo
Rua Três Rios, 252 – Bom Retiro / São Paulo
Horário: de segunda a sábado das 11 às 17h
(11) 98112-4008
Há também uma campanha organizada pela Prolam e Circuito Cultural Colombiano que já arrecadou quase R$ 1.500, usados para compra de itens de higiene pessoal. Para saber como colaborar basta entrar em contato por meio do e-mail [email protected]
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