Representação aparece tanto em blocos de rua como em escolas de samba
Por Rodrigo Veronezi
Em São Paulo
As comunidades peruana e armênia em São Paulo tiveram um motivo especial para acompanhar os desfiles de escolas de samba do Carnaval paulistano deste ano.
Os dois países inspiraram os enredos dos desfiles apresentados, respectivamente, pelas escolas Rosas de Ouro e Unidos de Vila Maria – ambas passaram pelo Sambódromo do Anhembi na madrugada deste domingo (03).
A Unidos de Vila Maria contou a história do Peru, destacando riquezas históricas, culturais e naturais do país vizinho – que vão além da famosa cidade de Machu Picchu.
A atriz peruana Marba Goicochea teve a oportunidade de ser uma das representantes do Peru no Anhembi, desfilando pela Vila Maria. “É uma oportunidade única poder ser parte desta história maravilhosa. Estou super grata e empolgada”.
Para ela, desfilar no Carnaval paulistano em um enredo sobre o Peru é uma forma de combinar as paixões que sente pela terra natal e pelo país que hoje tem como sua casa.
“Eu sempre procuro trazer para o Brasil na minha arte, como atriz, a minha cultura, o meu amado Peru. Sou muito orgulhosa de ser peruana, assim como também eu amo muito o Brasil, meu coração é Brasileiro. Que melhor oportunidade de juntar ambas nações no desfile de samba no Anhembi?!
Estima-se que 10 mil peruanos residam atualmente em São Paulo.
A escola de samba Rosas de Ouro foi outra a buscar inspiração fora do Brasil para seu Carnaval, que falou sobre a Armênia – ex-república soviética cujo povo é considerado o primeiro totalmente cristão do mundo.
Segundo o portal UOL, cerca de 500 armênios desfilaram junto com a escola no Anhembi. A influência da migração armênia em São Paulo pode ser medida por alguns nomes de ruas e pela estação Armênia do metrô – há uma igreja armênia logo ao lado, inclusive.
Em maio de 2017, o MigraMundo registrou as mobilizações da comunidade armênia em São Paulo no esforço global pelo reconhecimento do genocídio sofrido durante a Primeira Guerra Mundial.
Folia migrante nas ruas
Além do sambódromo, os migrantes que vivem em São Paulo também contribuem para os dias de folia e pré-Carnaval com seus próprios blocos e apresentações.
Ainda no dia 18 de fevereiro, o bloco Batuca Bresser levou seus tambores ao bairro da Mooca, em São Paulo, nas proximidades do Museu da Imigração.
Ele é tocado por voluntários e ocupantes do Arsenal da Esperança, instituição gerida pela fraternidade católica italiana Sermig, que acolhe, por noite, cerca de 1.200 homens em situação de rua. Ela divide com o Museu o espaço da antiga Hospedaria do Brás, que recebeu cerca de 2,5 milhões de migrantes ao longo de seu funcionamento.
Atualmente estima-se que cerca de 10% dos atendidos pelo Arsenal sejam migrantes de outros países, especialmente de nações africanas.
Na região da Luz, no último dia 24 de fevereiro, a comunidade boliviana integrou pelo 13º ano consecutivo a Pholia na Luz, com apresentação da dança Caporal”.
“O Carnaval é uma festa mundial e aproveitamos para divulgar a dança caporal, que é 100% boliviana”, afirma o publicitário Antônio Andrade Vargas, fundador dos portais Bolívia Cultural e Planeta América Latina, ao jornal Fanfulla.
Dados da Prefeitura indicam que pelos menos 50 mil bolivianos residam regularmente em são Paulo, fazendo dela a segunda maior comunidade imigrante na cidade. Ao todo, ainda de acordo com a Prefeitura, são 385 mil imigrantes de 198 nacionalidades distintas.
Estimativas extraoficiais, no entanto, que consideram os migrantes sem documentos, apontam que apenas a comunidade boliviana tem entre 250 mil a 450 mil pessoas.
No Carnaval deste ano também registrou nas ruas blocos formados por coreanos e indianos, ajudando a enriquecer ainda mais a cena cultural paulistana. E o número de nacionalidades com representantes na cidade é um indicativo de como esse mosaico pode ganhar novas peças em breve.
Com informações de Bolívia Cultural e Jornal Fanfulla