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quinta-feira, março 14, 2024

Mostra fotográfica sobre crianças refugiadas chega a São Paulo

Exposição “Infância Refugiada” fica na capital paulista de 27 de junho a 6 de agosto, no Matilha Cultural

Por Rodrigo Borges Delfim
Em São Paulo (SP)
Atualizada às 14h25 de 21/06/2017

Em meio às reflexões trazidas pelo Dia Internacional do Refugiado, lembrado em 20 de junho, a cidade de São Paulo recebe a partir do dia 27 de junho a exposição “Infância Refugiada – Palestina na Síria, Líbano e Turquia”, que visa jogar luz e levar o público a ter um outro olhar sobre as crianças que vivem em situação de refúgio no mundo, e também sobre a questão palestina.

A mostra, que fica no Matilha Cultural até 6 de agosto, é idealizada pela fotógrafa brasileira Karine Garcêz e consiste em 25 fotos (selecionadas de um banco de 2.000 delas) de crianças palestinas que vivem refugiadas no Líbano, Turquia e Síria, tiradas durante viagem da autora ao Oriente Médio, entre 2014 e 2015, integrando missão da ONG holandesa Al Wafaa Campaign.

A entrada para a mostra é gratuita, mas os visitantes também poderão doar alimentos, brinquedos e artigos de higiene pessoal para uma ação da Matilha Cultural em favor da ONG Mungazi, fundada por um refugiado congolês no Brasil e que atende pelo menos 250 famílias.

Exposição Infância Refugiada estreou em Fortaleza e chega a São Paulo em 27/06.
Crédito: Divulgação

“O objetivo da exposição é aproximar o brasileiro da temática dos refugiados, chamando atenção para a situação das crianças, as mais atingidas pelos conflitos, para um grupo de extrema vulnerabilidade no Oriente Médio (os palestinos), atingidos pelo conflito na Síria, sem local para novo refúgio muitas vezes”, explica Karine.

De acordo com o relatório Tendências Globais 2016, divulgado nesta semana pelo ACNUR (Alto Comissariado da ONU para Refugiados), 51% dos 65,6 milhões de refugiados e deslocados internos no mundo atualmente são crianças. Nessa cifra estão incluídos, segundo a agência, 5,3 milhões de palestinos refugiados que estão espalhados pelo Oriente Médio e sob mandato de outro organismo da ONU, a UNRWA.

Outro objetivo da exposição, segundo Karine, é traçar paralelos entre a realidade vivida pelos refugiados no mundo e de outros migrantes internos mundo afora. “Estamos cientes que lidamos com um assunto presente, transversal, multidisciplinar, cujo paralelo nos remete de pronto aos cearenses que fogem da seca e migram para capital e se refugiam nos ‘campos favelas’ urbanos”.

Nascida no Ceará e bacharel em Relações Internacionais, Karine cresceu em família católica e há 12 anos se converteu ao Islamismo. Além do Infância Refugiada, ela é idealizadora de outro projeto, o Muslimah, que fala sobre a religião muçulmana em escolas públicas, com o objetivo de promover diálogo e desconstruir estereótipos em geral associados ao Islã.

Dificuldades e superação

Foram dois anos de trabalho até que a mostra Infância Refugiada fosse exibida pela primeira vez ao público, no Museu da Imagem e do Som de Fortaleza, em 10 de dezembro de 2016 – aproveitando o Dia Interacional dos Direitos Humanos – e onde ficou por dois meses. Depois, circulou por universidades na capital cearense e tem em São Paulo sua primeira exibição fora do Ceará.

Levar o Infância Refugiada para outras cidades e Estados é um desafio e tanto para Karine, que precisa batalhar recursos, apoios e contatos para cada nova etapa.

Fotografia em Beirute (Líbano) que faz parte da exposição Infância Refugiada, que estreia dia 27/06 em São Paulo.
Crédito: Karine Garcêz

“A cada local de exposição é uma nova campanha para suprir os custos básicos da exposição, que quase sempre saem no meu bolso”, desabafa Karine. Mas a fé e a confiança nesse projeto eram maiores e fui encontrando brechas, E assim estamos ai, tocando a coisa. Quando se faz com sinceridade, amor, pode ser difícil, mas uma hora conseguimos”.

Em meio às dificuldades para dar continuidade ao projeto, Karine lembra da reação de crianças que estudam na rede pública de ensino do Ceará que visitaram a exposição e que serve como lição e incentivo.

“Os alunos de escolas públicas sempre apresentam uma perplexidade, um acordar: é como se tivessem tirado o véu que cobrem os olhos e passam a ver seus mundos de outra forma. Isso é muito gratificante, questionam, querem informações, cobram dos professores mais fontes, dizem que querem repetir a experiência”.

Quando questionada sobre prováveis manifestações hostis que recebe por ser muçulmana e idealizar um projeto voltado à temática do refúgio, Karine é enfática. “Me importo mais com as manifestações de apoio, elas que nos fazem ir para frente”.

Serviço

Exposição “Infância Refugiada – Palestina na Síria, Líbano e Turquia”
Data: de 27 de junho a 6 de agosto
Local: Matilha Cultural – Rua Rego Freitas, 452 – Centro, São Paulo (SP)
Dias e horários: Terça a domingo, das 12h às 20h e Sábado, das 14h às 20h
Entrada: gratuita – quem puder, também pode fazer doação de alimentos, brinquedos ou produtos de higiene pessoal

 

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