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sábado, abril 27, 2024

Mudanças climáticas vão deslocar o equivalente a um Brasil até 2050, alerta Banco Mundial

A escassez de água, o declínio da produção agrícola e o aumento do nível do mar podem causar o deslocamento de pessoas já em 2030. As áreas urbanas dentro de cada país são o destino mais provável dessa população

Se nada for feito imediatamente, as mudanças climáticas que estão ocorrendo em ritmo acelerado no planeta podem levar ao deslocamento forçado interno de até 216 milhões de pessoas até 2050. É o que alerta um relatório divulgado pelo Banco Mundial na última segunda-feira (13). O número supera a população atual do Brasil, estimada em 212 milhões de habitantes.

Os dados vêm da atualização do relatório Groundswell, publicado pela primeira vez em 2018. De acordo com as novas previsões, em 2050, a África responderia sozinha por 42% dessa migração forçada por questões climáticas (o relatório divide o continente em África Subsaariana, com 86 milhões, e África do Norte, com 19 milhões).

De acordo com o estudo, Leste Asiático e Pacífico teriam 49 milhões de deslocados, seguido pelo Sul da Ásia (40 milhões), América Latina (17 milhões) e Europa Oriental e Ásia Central (5 milhões).

Já a edição de 2018 do relatório previa um total de 143 milhões de migrantes climáticos para a África Subsaariana, Sul da Ásia e América Latina.

Segundo a entidade, sediada em Washington (EUA), a escassez de água, o declínio da produção agrícola e o aumento do nível do mar podem causar o deslocamento de pessoas já em 2030. As áreas urbanas são o destino mais provável dessa população.

Em comunicado à imprensa, Juergen Voegele, vice-presidente de desenvolvimento sustentável do Banco Mundial, sustenta que tais cifras podem ser reduzidas em até 80% casos medidas concretas sejam tomadas de imediato.

“Se os países começarem agora a reduzir os gases do efeito estufa, fechando as lacunas de desenvolvimento, restaurando ecossistemas vitais e ajudando as pessoas a se adaptarem, a migração climática interna poderia ser reduzida em até 80%, para 44 milhões de pessoas até 2050”, explicou.

O relatório não faz menção a possíveis deslocamentos forçados para outros países em razão de questões climáticas. Mas o representante do Banco Mundial considera essa consquência e chama a atenção para seus impactos. “A trajetória da migração climática interna no próximo meio século depende de nossa ação coletiva sobre a mudança climática e o desenvolvimento nos próximos anos”.

Caminho sem volta?

Especialista em migrações em razão de mudanças climáticas, o galês Alex Randall ressalta que não importa o quanto o planeta corte a emissão de gases do efeito estufa: o patamar alcançado até o momento já é suficiente para mudar os padrões globais de deslocamento.

“Não importa o quão rápido vamos cortar as emissões, a migração climática ainda vai reformular os padrões de migração. Cortes rápidos na emissão são necessários e vão ajudar. Até mesmo uma fração de grau é importante. Mas mudanças nos padrões de mobilidade vão acontecer de qualquer forma”, explicou, em postagem no Twitter na qual ele compartilha suas impressões acerca do relatório.

Randall pondera ainda a sugestão do Banco Mundial de que a migração seria uma resposta a essa questão climática. Segundo ele, é necessário criar condições internas, tornando o sistema econômico local inclusivo e seguro para absorver essa demanda. E que no campo externo os governos devem parar de empregar recursos na militarização das fronteiras e na tentativa de impedir que as pessoas entrem em um determinado país.

“Nada disso é possível enquanto os governos estão desperdiçando dinheiro militarizando as fronteiras. As crises acontecem quando as pessoas são impedidas de se mover. Quanto mais pararmos as pessoas de se moverem, mais uma crise se formará”, completa o pesquisador.

O relatório do Banco Mundial é mais um alerta global e um novo exemplo dos efeitos que a mudança climática já provoca no planeta e o que esse cenário projeta para o futuro. Segundo as Nações Unidas, em 50 anos (de 1970 a 2019), foram 11 mil desastres do tipo pelo mundo, que causaram mais de 2 milhões de mortes e geraram perdas de US$ 3,64 trilhões – algo semelhante ao PIB da Alemanha, o quarto maior do mundo na atualidade.


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