Por Dolores Guerra
Em meio a ações da comunidade internacional em apoio aos afegãos que tentam fugir do grupo extremista Talibã no Afeganistão, cinco mulheres participantes da equipe nacional de robótica do Afeganistão receberam refúgio no México.
A equipe de robótica formado pelas meninas afegãs havia ficado famosa ao construir um respirador de baixo orçamento para auxiliar os pacientes de Covid-19 em seu país. Antes da pandemia, elas haviam participado de um evento internacional nos EUA. Com a tomada do poder pelo Talibã em sua terra natal, a incerteza sobre o que possa acontecer com as mulheres, principalmente com as estudantes e profissionais, levou o grupo a optar pela busca de um refúgio.
Cinco das integrantes da equipe chegaram ao México no último dia 24 de agosto. Além delas, o país também recebeu 124 refugiados afegãos, dentre eles diversos jornalistas.
O chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, declarou que a operação demonstra “a política exterior feminista” que aplica seu governo. Segundo ele, desde 18 de agosto sua equipe estava processando solicitações de refúgio para cidadãos afegãos, principalmente mulheres e meninas. A operação tratava-se de um esforço conjunto com o embaixador mexicano no Irã.
“O empenho que dedicamos para que as meninas que formam parte do time de robótica do Afeganistão chegassem ao México, de verdade, dá para um livro, porque tirá-las de lá com muito complexo, muito complicado”, declarou Marcelo Ebrard à plenária de senadores do de seu partido, Movimento Regeneração Nacional (Morena). “Este grupo de robótica tem um significado especial, porque elas têm se dedicado em mostrar que as mulheres podem fazer qualquer coisa que os homens façam e que deve haver igualdade de gênero”, completou o chanceler.
Há possibilidades de que os grupos de refugiados do Afeganistão sejam instalados em Tijuana, onde já há uma comunidade de migrantes muçulmanos estabilizada. Cerca de 120 pessoas frequentam a única mesquita da cidade, localizada no bairro de Playas de Tijuana. Do outro lado da fronteira, o último censo registrou mais de 120 mil muçulmanos na cidade de San Diego, Califórnia, há apenas meia hora de Tijuana.
O chanceler recordou o caso de asilo de Evo Morales, em 2019, garantindo que o “México tem sido consistente com sua política em prol do asilo, respeito aos direitos humanos e igualdade de gênero”.
No entanto, a realidade mostra outros dados. A violência de gênero no México continua alta: em 2019, foram 2825 mulheres vítimas de homicídio, o equivalente a 10 mulheres mortas por dia, segundo informe da ONU. O país da América do Norte também é considerado o país mais perigoso para ser jornalista que não está em guerra.
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