Ser imigrante já não é tarefa fácil. E se torna ainda mais complexa quando se é também mulher.
Os estereótipos que recaem sobre as mulheres se somam aos que são atribuídos aos imigrantes, deixando-as em uma situação de dupla vulnerabilidade. Violência doméstica e obstétrica, precarização no mercado de trabalho, assédio sexual e atos de bullying contra os filhos são apenas alguns exemplos.
A situação não é restrita às mulheres imigrantes. A cultura machista que ainda impera no Brasil faz com que tais problemas atinjam todo o gênero feminino, independente da nacionalidade.
Para combater esse quadro, as mulheres (imigrantes e nativas) têm procurado se articular em campanhas de conscientização, eventos de formação e outras atividades para reivindicar e expor suas demandas. E uma dessas oportunidades será durante a 8ª Marcha dos Imigrantes, marcada para 7 de dezembro em São Paulo.
Para a Marcha deste ano foi articulado um bloco de mulheres – organizado pela Frente de Mulheres Imigrantes, para reforçar a reivindicação de equidade de gênero no contexto migratório. A Frente é composta atualmente pelas seguintes organizações:
– Equipe de Base Warmis – Convergência de Culturas;
– Coletivo Educar para o Mundo;
– Projeto Sí, yo Puedo;
– Rede de Apoio ao Migrante – Guarulhos;
– Mulheres independentes (migrantes ou brasileiras).
São reivindicações da Frente:
– Saúde da mulher (tratamento digno e humanizado no atendimento; o respeito às diferenças culturais no momento do atendimento no período da gestação e parto; tratamento de saúde multilíngue nos centros de saúde onde haja maior convergência de mulheres imigrantes);
– Diminuição da violência sobre a mulher (atendimento multilíngue e humanizado nas delegacias da mulher; fim da violência doméstica e sexual; direito de uso de anticoncepcionais a favor do planejamento familiar);
– Dignidade no trabalho (divisão equalizada do trabalho doméstico; remunerações iguais; fim do assédio moral e sexual; condições seguras e dignas de trabalho);
– Imigração (por um mundo sem papéis e sem fronteiras; por uma lei de imigração justa e humana; pelo fim da xenofobia).
Todos aqueles preocupados com a construção de um mundo mais justo e igual, inclusive quanto ao gênero, estão convidados a participar da Marcha. “Chamamos todos e todas representantes da sociedade civil para se juntar à causa das mulheres imigrantes, que é também uma causa universal, pois a humanidade sofre com o machismo e a xenofobia”, mostra a organização da Frente.
A Frente tem ainda promovido reuniões organizativas, todas abertas ao público, visando a atividade do próximo dia 7. A última antes da Marcha está marcada para o dia 30, a partir das 11h, na praça Kantuta – próxima da estação Armênia do Metrô de São Paulo – para facilitar, basta procurar pelo banner da Warmis, uma das entidades da Frente.
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