Por Carolina Guagliano
Desde o último dia 23 de abril a comunidade muçulmana —estimada em pelo menos 1,6 bilhão de seguidores mundo afora — vive o seu mês mais sagrado, o Ramadã. E assim como ocorreu com igrejas cristãs, por exemplo, o contexto de pandemia de coronavírus tem levado a adaptações em relação às práticas do período.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou um documento. no último dia 15 de abril, com práticas a serem seguidas para o mês sagrado em meio ao Covid-19 e seus riscos.
As principais recomendações consistem no distanciamento físico de pelo menos um metro entre as pessoas, no uso de saudações culturais e religiosas que evitem o contato físico, e em evitar aglomerações em locais de entretenimento, mercados e estabelecimentos comerciais.
Em caso de reuniões presenciais necessárias, estas devem ocorrer ao ar livre ou em lugares ventilados, ter sua duração reduzida, conter lugares estipulados que garantam o distanciamento, regular o fluxo de pessoas, garantir a higienização do ambiente e disponibilizar locais com sabão para higienizar as mãos. Além disso, é preferível que cerimônias menores sejam feitas com mais frequência a fim de se evitar grandes aglomerações.
Porém, pessoas que apresentem sintomas da COVID-19, idosos e pessoas com saúde debilitada não devem participar das reuniões — mesmo seguindo as recomendações.
Sobre o jejum realizado pelos muçulmanos nessa época, a OMS não se opõe à sua realização pelos fiéis “em bom estado de saúde”, como manda a tradição. No entanto, lembra que pessoas com COVID-19 devem consultar seus médicos para ver se podem jejuar nesse período.
Por fim, o distanciamento físico também deve ser lembrado ao distribuir o sadaqah (caridade voluntária). A fim de se evitar multidões no iftar — o momento do pôr do sol —, deve-se considerar a possibilidade de usar caixas pré-embaladas ou porções individuais.
O CEPRI (Centro de Proteção a Refugiados e Imigrantes) da Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, preparou versões em português, francês e árabe das principais orientações da OMS para o período. O foco da publicação são os imigrantes e refugiados no Brasil que seguem o Islã como religião.
Redes sociais como alternativa
Para manter as celebrações em meio à pandemia, uma alternativa tem sido a de veicular as orações por outros meios, como a comunicação via redes sociais, televisão e rádios.
A Mesquita Brasil, um dos pontos de referência da comunidade muçulmana em São Paulo (que inclui imigrantes e refugiados), já transmite as orações da noite por meio de sua página no Facebook. O local está fechado ao público por causa da pandemia.
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, muçulmanos que vivem no Brasil também têm feito orações e outras atividades religiosas por meio de aplicativos como Zoom e Skype.
Na Alemanha, que recebeu muitos imigrantes e refugiados de fé muçulmana, tem sido realizadas leituras do Alcorão — livro sagrado do Islã — e orações ao vivo por meio das redes sociais.
O que é o Ramadã
Nono mês do calendário islâmico, o Ramadã é considerado o mais respeitado e sagrado na religião muçulmana.
Durante este mês, os muçulmanos devem abster-se de todo alimentos, bebidas, mesmo água, relações sexuais, cigarros ou e remédios do amanhecer até o pôr do sol. O jejum representa a empatia dos que não passam fome para os que precisam de ajuda, e faz parte de um profundo recolhimento espiritual.
No iftar, os muçulmanos se reúnem para quebrar o jejum e no suhour, antes de amanhecer, as famílias se reúnem para fazer uma refeição.
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