Levar para o ensino médio e superior os formatos dos encontros das Nações Unidas e suas discussões. Esta é a proposta dos simulados da ONU, como o que é promovido pela Facamp (Faculdades de Campinas) e aberta para estudantes de ensino médio e superior de todo o Brasil. E entre os debates está a questão do refúgio e das migrações.
O Famun (Facamp Model United Nations) teve início em 2013 e chega à sua oitava edição em 2021. Neste ano o evento ocorre de 4 a 7 de setembro, das 9h às 17h, em formato totalmente online, e será transmitido por meio do canal da universidade no YouTube.
Ao todo são cerca de 300 participantes, que se dividirão entre os mais variados papéis, como chefes de Estado e Governo e diplomatas. Nas atividades, os inscritos são encorajados a resolver problemas reais que tangem assuntos dos mais diversos, como a proteção de direitos humanos de mulheres e meninas, a Agenda de Imunização 2030 da Organização Mundial da Saúde – OMS, a implementação do acordo final de paz na Colômbia e soluções para assegurar o acesso de todos à energia sustentável.
Os debates e tratativas se dão em português, inglês e espanhol. Em todas as edições do Famun, os alunos da equipe organizadora escrevem artigos e relatórios sobre os temas da conferência, que são compilados em um e-book nos três idiomas já citados. O livro do Famun 2021, intitulado “Right to Development – Rise for All”, traz relatórios escritos pelos alunos de Relações Internacionais da Facamp, sob supervisão e orientação das professoras coordenadoras.
MUN Refugee Challenge
Pelo segundo ano seguido, o Famun abriga um desafio promovido pelo ACNUR (Alto Comissariado da ONU para Refugiados). O MUN Refugee Challenge é uma campanha da agência que visa engajar especialmente os jovens do mundo sobre o tema do refúgio.
As melhores propostas são divulgadas internacionalmente pelo ACNUR. E a estreia do Famun no desafio, em 2020, foi com o pé direito. O simulado brasileiro levou à agência uma das ideias vencedoras em todo o mundo, na qual sugeriu a criação de um fundo especial para responder a situações de emergência geradas por desastres da natureza.
“Esse resultado foi a consequência de vários meses de preparação de nossa equipe de estudantes, que fizeram pesquisas sobre o tema e escreveram um artigo, o qual serviu de material de estudo para participantes do Famun. Nossa preocupação com a excelência acadêmica da conferência tem o objetivo de proporcionar aos participantes uma experiência enriquecedora e a oportunidade de discutir temas que, muitas vezes, não são abordados nas salas de aula”, destacou a professora de Relações Internacionais da Facamp, Roberta Machado, que é uma das organizadoras do Famun.
Para este ano, o ACNUR lançou quatro áreas temáticas para o Desafio: os impactos da pandemia da COVID-19 sobre a população refugiada, proteção dos direitos das mulheres refugiadas, apoio à inclusão social de refugiados e empoderamento por meio da tecnologia.
O Famun deste ano tenta repetir a dose de 2020 com o tema “promoção, proteção e garantia da plena realização dos direitos humanos de mulheres e meninas em situações humanitárias”.
“Nosso objetivo é promover um debate de alto nível entre participantes do FAMUN que simularão o Conselho de Direitos Humanos. Esperamos que as resoluções desse ano também sejam inovadoras. Além disso, as redes sociais do Famun trouxeram depoimentos de refugiados/as que se encontram no Brasil, para que o público do Famun possa conhecer suas histórias e possam se inspirar nelas”.
Contra narrativas tóxicas e fake news
Além de superar os limites da sala de aula, Roberta crê que eventos como o Famun se prestam a outra finalidade: a de combater narativas tóxicas que são reverberadas acerca de temas sociais, incluindo as migrações e o refúgio. Ao mesmo tempo, dão aos estudantes a oportunidade de vivenciar essas questões de uma forma mais ativa.
“Atualmente, as fake news estão por toda parte, especialmente nas redes sociais, e os jovens são bombardeados o tempo todo com informações falsas, sem embasamento factual. Experiências como o Famun são importantes para colocar estudantes no papel de agentes ativos e com capacidade de pesquisar informações por meio de fontes confiáveis e, assim, debater os temas de forma aberta e embasada”, finaliza a professora.
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