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quarta-feira, dezembro 18, 2024

Prisão de agentes por extorsão ajuda a jogar luz sobre violência policial contra migrantes em SP

Violência policial contra pessoas migrantes que atuam como ambulantes na capital paulista é uma situação cotidiana

Uma operação conjunta do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e das corregedorias da Polícia Militar e da Polícia Civil prendeu cinco agentes acusados de extorquir dinheiro de migrantes que atualm como ambulantes na região do Brás, no Centro de São Paulo. Um caso que ajuda a jogar luz sobre uma dura realidade vivida por esses trabalhadores.

A chamada Operação Aurora foi deflagrada na manhã de segunda-feira (16) e teve como objetivos cumprir 15 mandados de prisão preventiva, incluindo seis PMs e um policial civil, além de 20 de busca e apreensão, atingindo cinco pessoas jurídicas diferentes. Oito empresas e 21 pessoas tiveram sigilos bancário e fiscal quebrados.

De acordo com os promotores, o grupo agia como milícia, usando o cargo e viaturas oficiais da corporação para extorquir dinheiro dos comerciantes, muitos deles de países da América Latina.

Uma testemunha ouvida pelas investigações relatou que um grupo de pessoas passou a exigir o pagamento de luvas no valor de R$ 15 mil por ano e mais R$ 300 por semana para autorizar sua permanência na região. Essa fonte trabalha nas imediações da rua Tiers e está sob proteção do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO).

Um dos detidos pela Operação Aurora atuava também como agiota e teve R$ 145 mil em dinheiro encontrados na própria casa, além de documentos e planilhas.

Violência policial como rotina e reações

A violência policial contra pessoas migrantes que atuam como ambulantes na região central de São Paulo é uma realidade antiga.

Alguns casos, no entanto, acabam se sobressaindo pela repercussão que alcançam. Em abril, uma operação policial cujo objetivo declarado era combater o roubo de celulares terminou com a morte do ambulante senegalês Serigne Mourballa Mbaye, também conhecido como Talla Mbaye. Em reação, a comunidade migrante, sobretudo de países africanos, foi às ruas cobrar justiça e pedir o fim da violência contra migrantes.

O caso da morte do senegalês motivou mais tarde uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) sobre violência policial e ajudou a colocar em evidência a atuação dos agentes por meio da Operação Delegada, programa de segurança pública entre a Prefeitura de São Paulo e a Polícia Militar.

A gestão municipal define a Operação Delegada como o “trabalho voluntário, no qual os policiais em horários de folga atuam de farda e com equipamentos da PM na fiscalização de posturas municipais”. No entanto, ela acumula relatos de intolerância, racismo e xenofobia contra os trabalhadores. Entre os atos denunciados estão invasões de domicílios sem mandado judicial, apreensões ilegais e roubos de mercadorias e objetos pessoais de valor, abuso de autoridade, flagrantes forjados de drogas, ameaças, racismo, violências e até mesmo assassinatos.

O fim da violência policial e também da Operação Delegada foi uma das bandeiras defendidas durante a 15ª Marcha dos Imigrantes, realizada no último dia 1º de dezembro em São Paulo.


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