O domingo foi de muita chuva, mas não o suficiente para impedir a presença do público na quarta edição do Carnaval Andino Yunza em São Paulo. O evento, de grande importância para a comunidade peruana, também foi acompanhado por brasileiros e migrantes de outras nacionalidades.
Segundo a organização, cerca de 3.500 pessoas prestigiaram a festa. O público aproveitava os momentos de trégua da chuva para chegar ao Centro Esportivo Tietê. E quando a água voltava a cair sobre o parque, o público abusava das capas e guarda-chuvas para acompanhar as diversas apresentações de música e dança, além de apreciar a já famosa gastronomia peruana e adquirir produtos típicos do país andino.
A Yunza também contou com serviços voltados especialmente para a população migrante, como uma unidade móvel do Centro de Apoio ao Trabalho (CAT); unidade móvel de acolhimento à mulher vítima de violência; e material de divulgação e conscientização sobre pautas como a campanha pelo direito ao voto do migrante.
Dentre as autoridades públicas presentes à Yunza estavam o secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eduardo Suplicy; o coordenador de políticas para imigrantes da Prefeitura, Paulo Illes; e Arturo Jarama, cônsul-geral do Peru na capital paulista.
Juntando migrantes e brasileiros
A festa é uma boa oportunidade para os peruanos residentes no Brasil matarem um pouco a saudade da terra natal, assim como também é feito por brasileiros que vivem no exterior. “Ela é importante para lembrar dos costumes, da nossa nacionalidade e para reencontrar as pessoas”, opina a técnica em enfermagem peruana Maria Roque Ochoa, que vive há seis anos no Brasil e acompanha a Yunza em São Paulo desde a primeira edição, em 2012.
O também peruano Aníbal Alvarado, comerciante que chegou há 21 anos no Brasil, reforça a necessidade de preservar a cultura materna. “Acho necessário para que outras pessoas saibam que estamos aqui e que cuidamos da nossa cultura, mesmo já estando adaptados ao Brasil. Acho que isso é próprio do ser humano”.
Os brasileiros presentes na Yunza também destacaram a importância de um evento como a Yunza. Um deles é o músico José André Fernandes, que é integrante da banda de rock peruana Causacho (que significa “avante” em quéchua, um dos idiomas do Peru) e que mistura instrumental peruano com heavy metal. “É uma forma de o brasileiro conhecer uma cultura diferente, que tem no nosso país e com a qual ainda não estamos muito habituados. É também é uma forma de envolver outras pessoas e nações”, opina o brasileiro.
Reconhecimento e desafios
Em apenas quatro anos, a Yunza já conseguiu se firmar como uma importante manifestação cultural das comunidades migrantes de São Paulo. “A festa é cada vez mais conhecida pelo publico e pela sociedade brasileira, que a vê como um evento cheio de cultura. E é aberta a todos”, afirma a peruana Tania Bernuy, coordenadora do CDHIC (Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante), entidade que organiza a Yunza em parceria com o Consulado Geral do Peru em São Paulo e a ALAC (Associação Latino Americana de Arte e Cultura Andina).
Apesar do crescimento, Tania pondera que ainda há grandes desafios para o reconhecimento de festividades como a Yunza, que também têm como finalidade o combate ao preconceito e à xenofobia. “Falta ainda uma melhor compreensão da identidade cultural dos povos migrantes que existem na cidade. O poder público precisa repensar um pouco as políticas que existem para acolher este multiculturalismo que tem na cidade”.
Na Assembleia Legislativa, há o Projeto de Lei 9893/2013, do deputado estadual Marco Aurélio de Souza (PT), que pede a inclusão do Dia Estadual do Carnaval Andino Yunza no Calendário de SP. Em âmbito local, a festa boliviana Alasitas foi incluída em 2014 no Calendário Oficial de Eventos da cidade de São Paulo.
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