Este perfil é parte do Especial Mulher Migrante e Trabalho, produzido pelo MigraMundo e disponível em português e espanhol
Por Géssica Brandino
Versão em espanhol por Brisia Pina Zavala
“Saúde para seu corpo e mente” é a frase em destaque no cartão de visitas de Rima Eissa, 41. Batendo de porta em porta, ela busca em São Paulo uma oportunidade de trabalho dentro das especialidades que aprendeu no país de origem, a Síria. Fisioterapeuta, personal trainer, massagista terapêutica, professora de aeróbica, pilates e yoga. Apesar de todo ao conhecimento acumulado, são apenas dois os alunos fixos e a busca pela recolocação no mercado é constante para conseguir se integrar no Brasil.
Conheça o trabalho de Rima no Facebook e no Instagram
Antes mesmo de chegar ao país, Rima já havia sido alertada sobre a dificuldade de conseguir trabalho na capital paulista. Formada em agronomia, ela trabalhava no setor público em Damasco, capital da Síria, ajudando na promoção de adubos, produto exportado para empresas de todo o país. Era um emprego de meio período, que conciliava com o trabalho de massoterapeuta em um hotel.
Foi o interesse pela biologia do corpo e seus benefícios, além do diálogo com os pacientes e o auxilio na busca pelo bem-estar, que fizeram Rima sonhar em iniciar um projeto, aplicando as técnicas aprendidas em um empreendimento próprio. A Guerra iniciada em 2011, porém, adiou os planos. Diante dos conflitos, os investimentos diminuíram e iniciar o negócio se tornou impossível. Foi então que decidiu partir.
Tinha informações sobre o Brasil vindas de amigos que já estavam no país. Aprendeu as primeiras palavras antes mesmo de aterrissar no aeroporto: olá, como vai, conta aos risos. Migrou para o país há um ano e cinco meses e logo no segundo dia conseguiu a primeira cliente. Ainda não falava o português e a comunicação era problemática.
Trabalhou informalmente por três meses numa clínica de shiatsu e depois passou a cozinhar e vender comida árabe em uma igreja. Por meio de amigos no país, ela conheceu alguns serviços voltados para a população migrante.
Hoje, ela divide o tempo entre estudar o idioma local, aprender francês e buscar uma oportunidade de trabalho. “Não gosto de como estou agora, sem trabalho fixo”, conta, sem perder o otimismo em conseguir ter uma vida melhor. Do novo vocabulário que tem estudado, ela já elegeu as duas palavras que menos gosta: difícil e caro, termos que fazem a realidade pesar mais. Prefere evitá-las e olhar o cotidiano numa outra perspectiva. Quer estudar estética para finalmente conseguir uma colocação no mercado de trabalho, com carteira assinada. E no futuro, Rima sonha em abrir um clínica de estética com seu próprio nome.
Já buscou informações numa universidade da capital e se inscreveu para a nova turma. Pelas previsões, em fevereiro, Rima deverá estar numa sala de aula, dando mais passos rumo à sonhada autonomia.
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