O aniversário de São Paulo, que completa 459 anos hoje, é uma boa oportunidade para refletir sobre a história e os rumos que a cidade deve tomar para o futuro. E uma das características fundamentais da maior metrópole sul-americana é a presença do imigrante na sua formação, em especial no começo do século XX.
Em 2004, em meio às comemorações pelos 450 anos de São Paulo, foi relançado o livro “Cosmópolis”, de Guilherme de Almeida. São oito artigos escritos por ele em 1929 para o jornal O Estado de S.Paulo, mas que foram reunidas apenas em 1962, após ideia de amigos do autor. O resultado é um retrato, ainda que subjetivo, de uma São Paulo que já naquela época desenvolvia seu lado cosmopolita, abrigando pessoas dos quatro cantos do planeta – não é à toa que, logo nas primeiras páginas, é possível achar a expressão “São Paulo, resumo do mundo”.
Bairros como Liberdade e Bom Retiro, conhecidos até hoje pela presença imigrante, estão entre os citados na obra. Mas mesmo sendo uma obra curta, de apenas 59 páginas, há espaço suficiente para várias curiosidades. Hoje, por exemplo, quem poderia imaginar que a Santa Efigênia, hoje conhecida pelo comércio popular e de eletroeletrônicos, no começo do século XX era o bairro dos alemães? Ou ainda que a Vila Anastácio, na região oeste, já foi a porção báltica de São Paulo?
O tempo parou, mas a comunidade imigrante em São Paulo continua presente e ansiosa por maior voz. Novos representantes chegaram à cidade, como os chineses, coreanos, bolivianos, peruanos, paraguaios, angolanos, moçambicanos, entre outros. Para que São Paulo continue a ser esse “resumo do mundo” é necessário não apenas ter consciência do papel que tais povos tiveram, mas também dar condições para que esse caráter cosmopolita possa ser preservado ou até mesmo ampliado.
E um importante passo em direção a uma cidade mais acolhedora para quem a escolhe para tentar uma nova vida já foi dado no último dia 18 de dezembro. Nessa data foi realizado o seminário “Por uma Política Municipal de Migração em defesa da Vida e da Dignidade dos Trabalhadores Imigrantes e suas Famílias”, que pretende ser o pontapé inicial para uma política que permita ao imigrante uma maior participação no cotidiano da capital paulista.
Em um tempo no qual enfim se discute com maior peso a atualização da política migratória brasileira, uma Política Municipal de Migração em São Paulo pode se tornar um exemplo para todo o Brasil, mostrando que governo e sociedade podem se diferenciar de países que criminalizam o imigrante e enxergam nele uma ameaça. Pelo contrário, tal política pode dar condições para que tais comunidades possam contribuir ainda mais para o desenvolvimento da cidade e do país.
[…] migrante existente na futura metrópole. Mais tarde, esses textos foram reunidos no livro Cosmópolis, em uma mostra da participação dos migrantes na formação e desenvolvimento de São […]
[…] à diversidade de culturas presentes na então futura metrópole. E esse retrato, eternizado pelo livro Cosmópolis, continua bastante […]
[…] série de reportagens no jornal O Estado de S.Paulo que mais tarde (1962) seriam reunidas no livro Cosmópolis – que pode ser encontrado em alguns sebos da cidade, com […]