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sexta-feira, novembro 22, 2024

Uma nova tragédia em Lampedusa está pronta para acontecer

O acidente ocorrido em Lampedusa já deixou as manchetes dos jornais internacionais, mas a história continua. Barcos com imigrantes chegam à ilha diariamente, e a contagem de mortos nos naufrágios dos dias 3 e 11 deste mês ganham novos números – o total de mortes confirmadas já passa de 400.

Lampedusa não é o único canal de entrada para a Europa. Malta, o estreito de Gibraltar, os encraves espanhóis na África (Ceuta e Melilla) e a Grécia são outras rotas usadas pelos traficantes para levar pessoas ao chamado Velho Mundo – e relatos de mortes em menor escala são diários.

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O tema está em debate no continente e diversas organizações, incluindo o papa Francisco e a Igreja Católica, se juntam ao coro daqueles que pedem respostas rápidas, coordenadas e sobretudo humanas para o fluxo de imigrantes – acentuado pelas crises em países do Oriente Médio e África em especial. A organização Médicos Sem Fronteiras foi outra a criticar com força a União Europeia, ao afirmar que o bloco deve reconhecer os custos humanos das políticas de repressão à imigração.

No entanto, a tendência entre os governos europeus é de procurar fechar cada vez mais as fronteiras, como se isso fosse suficiente para cessar o fluxo de imigrantes. Questões transnacionais pedem medidas de igual alcance – ou seja, não adiantará a Europa comportar-se como um castelo feudal e fechar-se dentro dela própria.

Já os imigrantes continuam no meio da encruzilhada entre crise e pobreza nos países de origem, fechamento de fronteiras na Europa e ação dos traficantes de pessoas.

Ao mesmo tempo, movimentos e grupos de extrema direita ganham espaço na Europa em crise econômica – o que em geral resulta em medidas ainda mais duras e insensíveis aos imigrantes, os bodes expiatórios preferidos, e à situação precária à qual são submetidos. A deportação da estudante Leonarda Dibrani, 15, originária do Kosovo e de etnia romani (cigana) pela França é um exemplo.

Ou seja, as lições dadas pela recente tragédia em Lampedusa continuam – e pelo jeito continuarão – a serem ignoradas pelos governos europeus. Assim, o terreno está mais do que pronto para uma nova tragédia acontecer. Infelizmente parece ser apenas uma questão de tempo.

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