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quarta-feira, dezembro 11, 2024

Walking tour apresenta olhar para uma São Paulo imigrante

Por Géssica Brandino e Rodrigo Borges Delfim
Publicado também no portal Caminhos do Refúgio

Organizações que atuam em prol dos direitos humanos se mobilizaram em diversas atividades que celebraram o “Dia das Boas Ações”. Atendendo ao chamado da equipe da ONG Atados, o Abraço Cultural e o coletivo universitário Educar para o Mundo organizaram o “Walking tour”, um passeio guiado pelo centro de São Paulo, percorrendo alguns locais marcantes para a história da migração na cidade. O evento foi realizado no sábado (9/04), com a participação de professores refugiados, pesquisadores, estudantes e apoiadores da causa.

“Queríamos diversificar as possibilidades de atuação para migrantes e refugiados em termos de integração, tanto cultural quanto social”, destaca Lígia Magalhães, coordenadora de atividades culturais do Abraço Cultural, um projeto de curso de idiomas ministrados por professores refugiados e imigrantes. Além do inglês, francês, espanhol e árabe ensinados em sala de aula, há também workshops de tradições culturais, com culinária, dança, literatura, cinema e outras curiosidades dos países de origem dos professores do curso.

Tour começou na Praça da Sé, onde está o marco zero da cidade de São Paulo. Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo
Tour começou na Praça da Sé, onde está o marco zero da cidade de São Paulo.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo

Para pensar no roteiro para o Walking Tour, o Abraço Cultural contou com a parceria do coletivo de extensão universitária Educar para o mundo, do curso de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo. “O intuito é promover a integração entre refugiados, imigrantes e brasileiros e a ocupação do centro da cidade, um espaço geralmente pouco valorizado, mas queremos mostrar que também pode ser frequentado”, afirma Luísa Guimarães Tarzia, integrante do coletivo. O EPM foi idealizado pela professora Deisy Ventura, atualmente o coletivo desenvolve oficinas de direitos humanos e busca trazer os imigrantes e refugiados para palestras e outros eventos para que eles sejam protagonistas das próprias histórias.

Da Sé à rua Coimbra

O trajeto do Walking tour começou na Praça da Sé, com a guia de turismo Deborah, e dali seguiu para a primeira parada, no pátio da Igreja Nossa Senhora da Paz. O trabalho da Missão Paz é referência no acolhimento a imigrantes e refugiados, por meio da Casa do Migrante, Pastoral do Migrante e Centro de Estudos Migratórios. São oferecidos cursos de português e profissionalizantes, orientação jurídica e sobre o mercado de trabalho, com o cadastramento de empresas interessadas em contratar imigrantes e refugiados.

A haitiana Genevieve era professora de crianças e adolescentes na terra natal. Chegou a São Paulo há oito meses. Sabia francês, espanhol, mas não o português. Foi nas aulas da Missão Paz que aprendeu a nova língua. “Não é fácil chegar ao Brasil e não conhecer ninguém. Por isso, esse espaço foi uma salvação para os haitianos”, conta aos participantes do evento, acompanhada pelos olhares dos haitianos que, do pátio e dos degraus da igreja, acompanhavam a visita do grupo ao local.

Sorriso aberto, Genevieve é professora de francês no Abraço Cultural desde que o projeto teve inicio. Para ela, o projeto oferece a oportunidade de intercâmbio entre culturas. “Nos sentimos orgulhosos da nossa cultura. É como levar parte do país no coração para compartilhar. Sem esse projeto, as pessoas não iriam valorizar o que tem no Haiti, Congo e na Síria. Ajuda o brasileiro a ver o imigrante de outra maneira”.

Ali Jeratli era guia turístico na Síria e também é professor do Abraço Cultural, ensinando o árabe. A visita à Mesquita Brasil foi um momento no trajeto em que ele pode compartilhar um pouco de sua cultura. Ali, os participantes do Walking tour puderam aprender um pouco sobre a religião islâmica e acompanhar o momento de oração dos muçulmanos.

A parada seguinte foi no jardim do Museu da Imigração do Estado de São Paulo, na Mooca. Os coordenadores do espaço contaram um pouco da história da hospedaria do Migrante. O trajeto terminou na rua Coimbra, na tradicional feira boliviana.

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