Time do Senegal levou o bicameponato no Rio Grande do Sul; outros torneios da Copa vão acontecer ainda este ano
Por Rodrigo Passoni
Em São Paulo (SP)
Atualizado em 09/06/18, às 11h20
Para a Fifa, entidade que rege o futebol profissional mundial, a Copa do Mundo acontece a cada quatro anos. Mas os refugiados e solicitantes de refúgio que vivem no Brasil contam com sua Copa anualmente desde 2014. E a competição deste ano teve início oficialmente neste fim de semana, começando por Porto Alegre.
A Copa dos Refugiados é organizada pela ONG África do Coração, fundada em 2013 em São Paulo e formada por imigrantes e refugiados. Ela atua na assistência social e na promoção da integração social dos refugiados e imigrantes entre si e também com a sociedade brasileira.
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Além Cada ano a Copa dos Refugiados conta com um lema específico – para 2018 é ” Não me Julgue Antes de me Conhecer”. As ações em torno dos torneios vão além do futebol e incluem atividades culturais e de conscientização sobre a pauta do refúgio.
Bicampeão na área
A capital gaúcha recebeu uma edição da Copa dos Refugiados pelo segundo ano seguido, reunindo 120 jogadores distribuídos por oito times formados por imigrantes, refugiados e solicitantes de refúgio que vivem no Estado – Senegal, Líbano, Angola, Peru, Haiti, Venezuela, Colômbia e Guiné-Bissau. Os jogos aconteceram em dois estádios – Passo D’Areia, no sábado (02/06), e o Beira-Rio no domingo (03/06), sediando as semifinais e a final do torneio.
E assim como em 2017, o time do Senegal – formado por senegaleses que vivem em Caxias do Sul – levou a melhor e levou o bicampeonato da etapa gaúcha. O título veio após vencer o Líbano no pênaltis por 3 a 1 – no tempo normal o placar ficou no 0 a 0.
Com a vitória, os senegaleses de Caxias do Sul estão classificados para um novo torneio, previsto para setembro em São Paulo. As outras vagas serão ocupadas pelos vencedores das outras duas edições estaduais da Copa dos Refugiados que ainda vão acontecer: São Paulo, nos dias 21, 22, 27 e 28 de julho; e Rio de Janeiro, nos dias 4 e 5 de agosto. O quarto time será misto, composto por refugiados de diferentes nacionalidades.
Expansão nacional
Iniciada em São Paulo em 2014, a Copa dos Refugiados vem crescendo ano após ano – seja em número de jogos e edições locais, seja pelas parcerias que consegue firmar. A ideia é usar o futebol, paixão nacional do Brasil e esporte difundido mundialmente, para divulgar a questão do refúgio e levar esclarecimento.
“Nós estamos planejando nas próximas etapas de São Paulo e Rio de janeiro multiplicar nossas forças para buscar os parceiros que possam apoiar a copa e abraçar a causa. Através deste projeto, vamos levar o refugiado a ser protagonista no processo da sua própria integração”, explica o congolês Jean Katumba, presidente da ONG África do Coração e um dos idealizadores do torneio.
Para o ano que vem, o plano é levar a Copa dos Refugiados para mais capitais brasileiras. Curitiba e Brasília são prováveis sedes regionais, segundo Katumba.
São apoiadores do projeto no Rio Grande do Sul o ACNUR (Alto Comissariado da ONU para Refugiados), a Prefeitura de Porto Alegre (por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Esporte), Associação Antônio Vieira (ASAV), Sport Club Internacional, gestora do estádio B.RIO, Esporte Clube São José, Federação Gaúcha de Futebol, Associação Buriti de Arte, Cultura e Esporte (ABACE), Beat Conteúdo e Relacionamento, Agência Matriz, Fuerza Studio, Uniritter e Sociedade Libanesa.
[…] “Será que temos espaço para falar também ou vamos apenas decorar a sala? Fica como sugestão para a organização do evento, porque também temos boca para falar e nos expressarmos”, questionou o congolês Jean Katumba, presidente da ONG África do Coração e um dos organizadores da Copa dos Refugiados. […]