Estudantes migrantes refletem sobre festas de fim de ano em meio à Covid-19

Apesar de terem suas rotinas de fim de ano impactadas, eles deram alguns conselhos a migrantes que não poderão voltar para o fim de ano para seus países

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A crise sanitária está afetando os planos de fim de ano de muitas pessoas ao redor do mundo, inclusive de alguns estudantes estrangeiros longe de seus países.

Ao contrário do que o governo francês havia previsto, o Natal e o Ano Novo serão festejados sob medidas restritivas de deslocamento, de encontros familiares e de abertura de comércios.

Isso porque o número de infecções por Covid 19 não baixou até 5 mil casos, número indicando um controle satisfatório da contaminação a nível nacional.

Para o Natal, no entanto, o toque de recolher das 20h às 06h foi cancelado e uma permissão de até três casas, com no máximo seis pessoas, foi também emitida pelo governo francês para essa data. Porém, para o Ano Novo, o toque de recolher voltará a funcionar.

Votos de Boas Festas

A convite do MigraMundo, alguns estudantes que vivem na França usaram os próprios idiomas para expressar seus votos de Boas Festas e para que 2021 tenha melhores perspectivas que o ano que se encerra nos próximos dias.

Yrys envia votos de boas festas em quirguiz, língua do seu país Quirguistão, aos leitores no MigraMundo.

Com as fronteiras francesas extra-Europa fechadas, Yrys Abdieva, 26 anos, estudante na cidade de Estrasburgo, não poderá voltar para o seu país, o Quirguistão, para festejar o final de ano com família.

Ela conta que mesmo que o Natal não seja festejado em seu país, por conta da tradição budista. No final do ano, no entanto, é comemorado no “mesmo estilo” do Natal, mas no dia 31 de dezembro. Porém, este ano, ela não conseguirá voltar para as comemorações.

Yrys, estudante do Quiguistão, não voltará para o país para as festas de fim de ano por conta de fronteiras externas da UE fechadas por conta da pandemia. (Crédito: Y.A./arquivo pessoal)

“Eu não conseguirei voltar para a casa porque com a pandemia os preços da passagem estão muito altos, mas principalmente porque se eu sair da França para um país não-europeu, eu não conseguirei voltar porque as entradas de pessoas não-francesas vindo de países não-europeus está proibida”, afirmou Yrys, que ainda não tem planos claros para o Natal.

Já Haris Konstantinos, 24 anos, voltará para o seu país, a Grécia, para festejar o fim de ano com a família. Por fazer parte da União Europeia, a Grécia ainda está com as fronteiras abertas com a França.

Em grego, Haris Konstantinos envia um feliz Natal e um bom ano novo aos leitores do MigraMundo

Porém antes de sair de Estrasburgo para Atenas, o estudante grego teve que fazer um teste de Covid-19 três dias antes de embarcar. E ele terá que refazê-lo antes de retornar para a França. “Porém, ao contrário do teste na França, na Grécia eu talvez tenha que pagar por ele”, afirmou.

L.B., 28 anos, brasileira mestranda em Relações Internacionais na cidade de Lyon, não voltará para o Brasil para o Natal, mas nada de novo, porque nos outros anos, desde que chegou há dois anos na França, ela passou o Natal na França. L.B, no entanto, sabe que dessa vez não poderá festejar como antes.

Para voltar para a Grécia para as festas, Haris Konstantinos precisou fazer teste de Covid-19 antes da viagem. (Foto : arquivo pessoal)

“Eu cheguei em 2008 e meus dois natais aqui foram incríveis e mágicos, passei em famílias francesas como parte de um programa da faculdade. Esse ano eu não sei”, contou ela para o MigraMundo afirmando que o Natal, dessa vez, “será só uma data, dada as circunstâncias”. “Mas o importante é passar com saúde e paz, dentro do possível claro”, acrescentou.

Joaquin Carrasco, 29 anos, na França há quatro anos, deixou o Chile há seis. Hoje ele é estudante na cidade de Estrasburgo e conta que desde então não voltou para o seu país por questões financeiras. Porém, ele fala que o Natal e o Ano Novo são momentos especiais para descobrir novas formas de festejar o fim do ano, novas culturas e tradições.

Joaquin passará Natal na França, onde mora, e motiva outros que não poderão voltar para seus países a festejar com ” família da experiência migratória” (Foto: arquivo pessoal)

O contexto de pandemia não alterou os seus planos para este ano, que ele passará com seu irmão, também habitante de Estrasburgo. “Mas mesmo se tivesse alterado, eu estou acostumado a viver uma vida solitária. A vida de viajante é solitária, mas fui eu que escolhi de sempre estar partindo do meu país”, afirmou.

Novo conceito de família

Joaquin, Yrys, L.B e Konstantinos mandam porém conselhos ou palavras de motivação para todas as outras pessoas estrangeiras que não poderão voltar para a casa para as festas de fim de ano.

“É uma situação complicada para todos, inclusive para aqueles que não poderão passar com suas famílias. Mas é preciso tentar ver a situação de forma diferente, aproveitar o Natal para compartilhar momentos importantes com os amigos próximos.  Na época em que vivemos é ainda mais essencial de privilegiar o compartilhar”, afirmou Joaquin.

“Os migrantes podem alargar o conceito de família, talvez nesse Natal seja a ocasião de experimentar a nossa família nos dada pela nossa experiência migratória”, acrescentou.

« Não percam a esperança de dias melhores. Esse momento pode ser difícil, mas vamos superá-lo”, afirmou Konstantinos.

Yrys fez uma proposta para as universidades : “Por que não investir em programas para reunir estudantes sozinhos no Natal, estrangeiros ou não?”, afirmou ela, que pensa a participar de um programa da prefeitura de ajuda aos sem teto e aos moradores de ruas durante o Natal.


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