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sábado, abril 27, 2024

Formação e diálogo são caminhos para desafios de Global Mobility no Brasil, mostra pesquisa

Pesquisa Mobility Brasil 2023 teve o "Novo Mundo do Trabalho" como tema e foi apresentada durante o LATAM Regional Summit São Paulo

O que mudou na área de Global Mobility após a fase aguda da pandemia de COVID-19? Quais são os novos desafios do mercado ? Essas e outras questões encontram respostas e caminhos a serem seguidos a partir da pesquisa Mobility Brasil 2023, considerada uma referência no setor de Global Mobility no país.

Divulgada e apresentada durante o LATAM Regional Summit São Paulo, que aconteceu no último dia 27 de setembro, a pesquisa é elaborada pela consultoria Global Line, especializada em treinamento intercultural, a partir de entrevistas realizadas junto às empresas com atuação em Global Mobility.

De acordo com Andréa Fuks, fundadora da Global Line e idealizadora da pesquisa, ela começou a ser feita em 2012, diante da necessidade de estudos específicos sobre Global Mobility no Brasil. A partir de 2016, o levantamento passou a contar com o apoio da ERC, maior referência mundial no setor, o que se repetiu na nova edição.

Os dados foram coletados de abril a junho de 2023, junto a 130 empresas multinacionais, sendo 68% delas com sede no exterior e 32% baseadas no Brasil. A estimativa é que cerca de 5.000 profissionais que integram programas de expatriação estejam contemplados por essas companhias.

Tanto a mais recente edição quanto as anteriores podem ser encontradas e baixadas no portal da Global Line.

Além da pesquisa, Andréa é coautora do livro Global Mobility no Brasil, lançado em 2021, ao lado de Daniela Lima, atual vice-presidente para América Latina e América do Norte da NewlandChase, empresa global de serviços de migração. A obra faz uma retrospectiva do desenvolvimento do setor no país e serve como um compilador dos levantamentos anteriores promovidos pela Global Line.

Novo mundo do trabalho

Em sua décima edição, a pesquisa Mobility Brasil mostra tanto a continuidade de tendências que já se desenhavam a partir do levantamento anterior, feito em 2020, quanto de elementos que surpreenderam os organizadores.

Se a pandemia de COVID-19 foi marcada pelo trabalho remoto, o ambiente que surgiu a partir da emergência sanitária foi o do sistema de trabalho híbrido, ou seja, a mescla atividades a distância com idas ao ambiente físico da empresa.  Essa modalidade é adotada por 75% das empresas pesquisadas, em combinações que variam de acordo com cada empresa. 

Das companhias que responderam ao levantamento, mais da metade (55%) relatou algum tipo de mudança em suas rotinas com a ascensão do trabalho remoto.  Além disso, 32% das companhias informaram alguma redução no número de profissionais transferidos para outras localidades.

Por outro lado, 62% das empresas respondentes à pesquisa relataram que o custo de um profissional expatriado deixou de ser o dobro de um local, o que representa uma mudança significativa em relação a anos anteriores.

“O custo zero é impossível, mas pela primeira vez o custo de um profissional expatriado não é o dobro de um local. Hoje ser expatriado é muito mais para desenvolvimento comercial e profissional do que um ganho simplesmente financeiro”, observou Andréa.

Outra mudança significativa identificada pelo levantamento e que surpreendeu os organizadores foi a chamada expatriação definitiva se tornar o programa de mobilidade global mais presente nas empresas (tanto brasileiras quanto estrangeiras), superando a transferência de longo prazo (de 2 a 4 anos). 

Caminhos

A pesquisa também mostrou que o mercado de Global Mobility está ciente da necessidade de se adaptar às mudanças geradas por questões como o trabalho remoto e para promoção de programas de diversidade, equidade e inclusão.

O diálogo, a troca de experiências e de conhecimento entre colegas e setores da empresa são os principais caminhos apontados. Nesse bojo, a pesquisa identifica uma predisposição das empresas e dos próprios funcionários em buscar e promover cursos que qualifiquem ambos para os desafios no horizonte e no cotidiano.

“A formação (seja por meio de cursos, eventos, pesquisas ou outros meios) também surge como um recurso útil para lidar diretamente com algumas das principais dores dos processos de expatriação, que têm nas questões humanas e intangíveis os seus principais motivadores de insucessos.

“Uma mudança cultural precisa de um processo, mas também das pessoas. E a área de Global Mobility também tem uma importância em fomentar essa transformação nas empresas”, pontuou Andréa, que vê ainda os profissionais da área de Recursos Humanos como fundamentais nesse processo. “O RH de Global Mobility é o único profissional com visão 360 tanto para a questão do custo pra empresa, do funcionário e da família”.

Nômades digitais

Modelo de trabalho que ganhou corpo com a pandemia, o nômade digital já se faz presente no levantamento sobre Global Mobility, embora ainda não possa ser considerado uma realidade no cotidiano do setor. 

De acordo com o estudo, apenas 5% das empresas brasileiras e 5% das estrangeiras citaram a existência de nômades digitais em seus programas de mobilidade global.

A atividade do nômade digital é impulsionada basicamente por profissionais da área de tecnologia da informação, que podem atender mais de um cliente ao mesmo tempo. Essa questão, aliás, é apontada como um dos desafios para estabelecimento da atividade nas empresas, especialmente do ponto de vista fiscal.Desde janeiro de 2022 o Brasil conta com uma regualmentação específica para nômades digitais. De acordo com dados do próprio governo, compilados pela consultoria Fragomen, foram 355 vistos emitidos para esse tipo de profissional no primeiro ano de validade da ação, uma média de quase um por dia.

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