Por James Berson Lalane*
Publicado originalmente no site da Aliança Pró-Saúde da População Negra
A disseminação da pandemia de Covid-19 no Brasil transformou a vida cotidiana em distopia. Até que a ciência encontre medicamentos adequados e uma vacina para o tratamento e prevenção da covid-19, o paradoxo de hoje é que todos devem cooperar com os outros e, ao mesmo tempo, auto isolar-se como medida protetora. No entanto, embora o distanciamento social seja bastante viável para os ricos, os migrantes aglomerados em favelas urbanas e campos de refugiados não têm essa opção.
Huri Paz, pesquisador da Universidade Federal Fluminense, também nos lembra esses dias, explicando por que não somos todos iguais, mesmo diante da infecção por coronavírus, os pobres pagam o preço mais alto. A pandemia de infecção por coronavírus de 2019 (Covid-19) revelou as profundas desigualdades e dificuldades que enfrentam os migrantes, tanto em países dependentes quanto em países ricos.
A atual pandemia de SARS-CoV-2 representa um fator de risco para a saúde das populações (in)visíveis, e para os migrantes em particular, não apenas no que diz respeito à possibilidade de entrar em contato com o vírus, mas também com os possíveis resultados negativos de saúde associados às barreiras no acesso aos serviços de saúde.
Um risco particularmente alto diz respeito a todos aqueles que vivem em condições de aglomeração, com dificuldades em se isolar e em manter o distanciamento social (por exemplo, em centros de acolhimento), ou em condições de falta de higiene e com acesso reduzido à água limpa (por exemplo em assentamentos informais). Visibilizar essas populações invisíveis poderia ajudar a reduzir a disseminação do vírus, com isso podemos monitorar o impacto da pandemia dentro dessas populações.
No Brasil existe uma escassez de dados sobre as comunidades migrantes dentro da sociedade, fato que vem se exacerbando no momento da pandemia.
Desconhece-se o impacto da pandemia na população migrante no Brasil justamente porque a categoria Nacionalidade não consta nos sistemas de informações da COVID-19 do Ministério da Saúde. A não inclusão dessa variável no momento da pandemia pode ter consequência na saúde e nas relações sociais, principalmente no que diz respeito à inclusão do migrante na sociedade.
A ausência de dados sobre o estado de saúde da população de migrantes na sociedade brasileira, dificultará a implementação de políticas de saúde desse grupo da população.
Leia também:
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Sobre o autor
*James Berson Lalane é sanitarista haitiano, formado pela Universidade Federal de Integração Latino Americana (UNILA) e está no Brasil desde 2014. Atualmente é aluno da Pós-graduação do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo (USP), onde conduz o estudo sobre “Migração e Saúde: haitianos no Brasil”. Em sua trajetória profissional como pesquisador, sempre trabalhou com a perspectiva da migração e saúde. Durante a pandemia, atuou no Núcleo da Vigilância Epidemiológica do Hospital das Clínicas de São Paulo, onde rapidamente notou a falta de dados nos sistemas informações em saúde sobre os migrantes que vivem na sociedade brasileira.
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[…] A falta de informações sobre o novo coronavírus e a infecção de estrangeiros foi observada na prática pelo sanitarista haitiano James Benson, que atua no Núcleo da Vigilância Epidemiológica do Hospital das Clínicas de São Paulo. […]
[…] A falta de informações sobre o novo coronavírus e a infecção de estrangeiros foi observada na prática pelo sanitarista haitiano James Benson, que atua no Núcleo da Vigilância Epidemiológica do Hospital das Clínicas de São Paulo. […]
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