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terça-feira, outubro 29, 2024

Pelo 6º ano em SP, Copa dos Refugiados promove protagonismo e combate a preconceitos

Com vitória do Congo na etapa paulista, ficam definidos os classificados para o torneio nacional, que acontecerá no Rio de Janeiro

Por Alethea Rodrigues
Em São Paulo (SP)

Disputada desde 2014, a Copa dos Refugiados e Imigrantes voltou a movimentar comunidades migrantes e instituições em torno da temática migratória em São Paulo. Após três finais de semana, terminou neste domingo (20) a sexta edição da etapa paulista do torneio, no estádio do Pacaembu.

Dentro de campo, quem levou a melhor desta vez foi a República Democrática do Congo, que conquistou o bicampeonato – levou também em 2016 – ao vencer por 2 a 0 o Níger, campeão de 2018.

Durante a partida, os dois times apresentaram um bom volume de jogo, porém poucas finalizações. Os gols da equipe congolesa só saíram no segundo tempo, mas foram suficientes para o bicampeonato.

Organizado pela ONG África do Coração, em parceria com a Prefeitura de São Paulo – via Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (SEME) – e outras instituições, a Copa dos Refugiados 2019 envolveu 16 equipes e cerca de 200 pessoas de países da América do Sul, Central, África e Ásia.

Bola oficial da Copa dos Refugiados e Migrantes.
Crédito: Divulgação

A etapa paulista foi a última das seis séries regionais disputadas ao longo deste ano. O vencedor de cada uma se credenciou para a edição nacional da Copa, a ser disputada no Rio de Janeiro – ainda este ano, em data ainda ser definida.

“Ninguém sai perdendo”

De acordo com um dos idealizadores e coordenador do evento, o sírio Abdul Jarour, a Copa busca promover protagonismos, mostrar a realidade dessas pessoas, dar mais um passo para romper os preconceitos, as discriminações e lutar contra a xenofobia.

“Temos vários objetivos e chamar a atenção para as necessidades de inserção dos refugiados e imigrantes no mercado de trabalho também é um deles. Uma das coisas que mais gosto nesse evento é que ninguém sai perdendo, todos participam felizes, fazem novos amigos e saem mais valorizados e integrados na sociedade brasileira”.

Nas arquibancadas era possível ver diversos cartazes pregando o combate à xenofobia e pedindo um país mais tolerante e acolhedor em relação a refugiados e imigrantes.

Cartazes nas arquibancadas pregam combate à xenofobia e respeito a refugiados e migrantes.
Crédito: Alethea Rodrigues/MigraMundo

Após a vitória do Congo, o técnico Sérgio Pereira, que tem apenas 19 anos, comentou a importância de participar de um evento como esse e principalmente a alegria de ganhar o título após tantos dias de treinos intensos e pouco apoio financeiro.

“Foi meu primeiro ano na Copa e conseguimos fazer um trabalho maravilhoso. O evento nos deixa mais integrados, os africanos se unem e se ajudam e é uma oportunidade única de mostrar o nosso talento. Temos muito a oferecer”, concluiu o congolês, que vive no Brasil há dois anos e atualmente está desempregado.

Apesar de não ter conquistado o título em mais uma edição, a equipe do Níger não desanimou com a conquista da vice-liderança, muito menos a torcida. Patrícia Angélica, de 20 anos de idade, prestigiou o pai – que é goleiro da equipe, juntamente com a irmã e a sobrinha – e garantiu que o time tem potencial e que o ano que vem promete.

Patrícia Angélica, 20, prestigiou o pai, goleiro do Níger, juntamente com a irmã e a sobrinha. Crédito: Alethea Rodrigues/MigraMundo

“Já é a terceira Copa que meu pai participa e todos jogaram muito bem. Já saímos vitoriosos porque conseguimos mostrar os talentos que temos no nosso país. Tenho certeza que ainda venceremos”.

Plano futuros

Depois de passar por expansão neste ano, ocorrendo em seis estados diferentes, a Copa dos Refugiados deve repetir a dose em 2020. O plano é que a disputa ocorra também em Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso.

“Já estamos com quase tudo fechado para os jogos acontecerem nesses locais e estamos trabalhando para conseguirmos fechar uma parceria na França com intuito de tornarmos esse evento internacional e beneficiarmos cada vez mais os imigrantes e refugiados”, finalizou Abdul.

O sírio Abbul Jarour, coordenador da Copa dos Refugiados.
Crédito: Alethea Rodrigues/MigraMundo

Quem vai à Copa dos Refugiados 2019 – etapa nacional
Guiné-Conacri – vencedora em Brasília (DF)
Cabo Verde – vencedor em Recife (PE)
Colômbia – vencedor em Curitiba (PR)
Angola – vencedor no Rio de Janeiro (RJ)
Líbano – vencedor em Porto Alegre (RS)
Rep. Democrática do Congo – vencedora em São Paulo (SP)

Relembre quem já disputou as finais da Copa dos Refugiados em SP
2014 – Nigéria (campeã) / Camarões (vice)
2015 – Camarões (campeão) / Rep. Democrática do Congo (vice)
2016 – Rep. Democrática do Congo (campeã) / Togo (vice)
2017 – Nigéria (campeã) / Marrocos (vice)
2018 – Níger (campeão) / Nigéria (vice)
2019 – Rep. Democrática do Congo (campeã) / Níger (vice)

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