A vitória sobre a Argentina, conquistada neste domingo (13) no Maracanã, foi muito mais que o quarto título da Alemanha em Copas do Mundo. É a primeiro como país unificado e teve contribuição decisiva dos imigrantes nesse feito.
Nada menos que sete dos jogadores alemães dessa Copa têm raízes fora da Alemanha: os poloneses Podolski e Klose (novo maior artilheiro da história das Copas, com 16 gols marcados); Mesut Özil, de pai turco; Sami Khedira, de família tunisiana; Jerome Boateng, com família nascida em Gana; e Shkodran Mustafi, de pais albaneses nascidos na Macedônia.
A relação entre imigrantes e futebol na Alemanha é bem íntima. Sua presença nos clubes e na seleção nacional é considerada um dos fatores que ajudaram a renovar o esporte no país. Além de ser o esporte mais popular, estima-se que metade dos novos praticantes do esporte no país seja imigrante. E esse ingresso foi facilitado pelo processo de reformulação do futebol nacional iniciado após os após os reveses nas Copas de 1998 e 2002, além da eliminação vexatória na Eurocopa de 2000 ainda na primeira fase.
Desde 2004, a Federação Alemã de Futebol (DFB) obrigou, entre outras medidas, que todos os times da primeira e da segunda divisão nacionais construíssem centros de excelência para formação desses jovens jogadores. Entre as promessas garimpadas nesses locais estão filhos de imigrantes ou ainda imigrantes que optaram pela cidadania alemã, ajudando a formar essa que é considerada uma das melhores gerações da história recente do futebol alemão. Do atual plantel, apenas o veterano Klose não foi formado por esse sistema.
O futebol acabou, assim, atuando como um agente de integração dessa população na sociedade – estima-se que cerca de 20% dos 82 milhões de habitantes da Alemanha são ou imigrantes ou filhos de imigrantes. E o título é uma mostra cabal dessa retribuição que a comunidade migrante deu e ainda deve oferecer ao país europeu – podendo ainda servir de exemplo à própria Alemanha e a outros países.
Embora a presença dos atletas com raízes fora da Alemanha nessa Copa seja menor que em 2010 (7 contra 10), é inegável a influência e contribuição deles na nova fase do futebol nacional e no atual título alemão, o primeiro do país como nação unificada. Um dado para fazer Hitler e seus asseclas (vivos ou mortos) se contorcerem de raiva e que mostra – ainda que a contragosto dos nacionalistas e xenófobos de plantão – como a diversidade pode agregar valores e beneficiar todo um conjunto.
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