O Brasil tem se tornado o destino de pessoas migrantes, incluindo aquelas que se enquadram como refugiadas, que deixam seus países de origem em busca de oportunidades melhores. Embora o país tenha uma imagem de hospitalidade em relação aos que chegam de fora, essas pessoas frequentemente enfrentam diversos desafios ao chegarem aqui.
Segundo um levantamento realizado pelo Comitê Nacional para Refugiados (Conare) e pela agência da ONU no Brasil, o ACNUR, atualmente existem 65.811 mil pessoas reconhecidas como refugiadas morando no Brasil. Dentre as nacionalidades que mais migraram para o Brasil no mês de abril, data do levantamento, estão os venezuelanos, com 2.227 pessoas, e os cubanos, com 1.014.
Recolocação profissional
Apesar de acolher muitas pessoas, existem poucas políticas públicas que ajudam os refugiados a se inserirem na sociedade, fazendo com que muitos passem por dificuldades. Dados da ONG Estou Refugiado, em parceria com o Instituto Qualibest, mostram que 66% dos imigrantes enfrentam dificuldades em encontrar um emprego.
Segundo a pesquisa, 69% dos entrevistados afirmam ter deixado suas nações de origem, devido a dificuldades econômicas enfrentadas pelos países. Já 21% dos refugiados informaram que as perseguições políticas foram as responsáveis pela migração. Outro dado preocupante apontado pela pesquisa foi em relação à discriminação sofrida pelos refugiados.
Embora 62% dos participantes da pesquisa afirmem que houve solidariedade por parte dos brasileiros, outros 47% relatam já terem sofrido discriminações, devido às suas nacionalidades. Essa discriminação pode ocorrer de inúmeras formas, que vão desde a recusa de um emprego, podendo chegar até a agressões físicas.
Barreiras lingústicas
Outra grande dificuldade que os refugiados enfrentam ao procurar emprego ou moradia no Brasil é a língua portuguesa. Isso é o que afirma o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que aponta a barreira linguística como uma das principais causas do desemprego elevado dos imigrantes.
Isso ocorre até mesmo com refugiados que possuem boa formação escolar ou nível universitário, pois, apesar dos conhecimentos técnicos, possuem pouco conhecimento sobre a cultura brasileira e fluência em português.A necessidade de políticas públicas para acolher e qualificar o grande número de refugiados que vivem no Brasil é urgente. São necessários programas que ofereçam auxílios para que eles consigam uma casa ou um apartamento para alugar, além de facilidades na obtenção de documentos e acesso a serviços públicos. Também é importante a capacitação profissional e um empenho governamental para o ensino da língua portuguesa para essas pessoas.