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sexta-feira, novembro 22, 2024

Festa do Imigrante de SP tem volta do público e mistura de sentimentos

Cerca de 7 mil pessoas participaram presencialmente do evento, resultado considerado um sucesso pela organização diante da retomada em meio a uma pandemia de Covid-19 ainda em curso

Por Antonella Pulcinelli, Lya Maeda e Rodrigo Borges Delfim

Depois de ocorrer de forma online em 2020, a 26ª Festa do Imigrante de São Paulo voltou à modalidade presencial neste ano de 2021, com início na sexta (17) e finalização no domingo (19) no Museu da Imigração, na capital paulista. Uma retomada que foi comemorada pela organização e pelos participantes, apesar das restrições e adaptações em razão da pandemia de Covid-19.

De acordo com o Museu, organizador da festa, cerca de 7 mil pessoas prestigiaram atrações que representaram 43 países – gastronômicas, de artesanato e apresentações de música e dança. O número representa pouco mais de um terço do público que visitava a festa antes da pandemia (em torno de 20 mil pessoas). No entanto, o resultado foi comemorado diante de todo o contexto vivido pela sociedade brasileira e mundial.

“A sociedade como um todo ainda vivencia o cenário pandêmico e, dessa forma, o evento aconteceu diante de um processo de retomada gradativo das atividades. Nesse sentido, a visitação esteve dentro do esperado pela gestão, que priorizou a segurança durante os três dias de programação – por meio do número limitado de público e da aplicação dos protocolos sanitários (incluindo a obrigatoriedade da apresentação do comprovante de vacinação)”, informou o Museu ao MigraMundo.

Mudanças

Além da data alternativa – a festa costuma ocorrer em junho – , outras mudanças ocorreram em razão da pandemia ainda em curso. O acesso só era liberado mediante comprovante de vacinação contra a Covid, conforme determinação válida no Estado de São Paulo em eventos de grande porte. Diversos visitantes que chegavam ao evento recorreram a aplicativos como o ConecteSUS e E-Saude para comprovar a imunização.

Dentro da festa, a exigência do uso de máscaras foi fortemente seguida pelos participantes e expositores. O item de proteção só deixava o rosto para permitir a apreciação das inúmeras opções gastronômicas disponíveis, representando todas as regiões do planeta.

Neste ano, a festa começou logo na rua Visconde de Parnaíba, em frente ao Museu, o que permitiu espalhar um pouco mais as barracas de comidas típicas. Um conjunto de espreguiçadeiras nos jardins da antiga Hospedaria também esteve entre as novidades desta edição.

Além das comidas típicas, o visitante encontrou à disposição na Festa do Imigrante dezenas de apresentações de música e dança, venda de artesanato, oficinas culturais e espaço para contação de histórias. De quebra, como nas edições anterioes,também era possível visitar as instalações do Museu e suas exposições.

Espreguiçadeiras à disposição do público durante a 26ª Festa do Imigrante. (Foto: Antonella Pulcinelli/MigraMundo)

Recomeços e estreias

Mesmo com as restrições, a realização presencial da Festa do Imigrante foi suficiente para trazer de volta uma sensação que atividades 100% on-line não são capazes de propiciar.

“Aqui nós temos o aplauso do público. Na live pra festa anterior nós terminamos de nos apresentar e não tinha mais nada”, comparou Boris Gers, integrante do Grupo Volga de Dança Folclórica Russa, sobre as apresentações feitas nas duas oportunidades.

A Festa do Imigrante foi de estreias e retomadas para a expositora Assouan Léa Honorine Wadja Epse Kouakou, da Costa do Marfim, que estava no setor de artesanatos. Há quinze anos vivendo no Brasil, foi a primeira vez no evento e o primeiro em que ela participou desde o começo da pandemia.

“ Estou achando muito interessante a festa por poder mostrar um pouquinho do meu país para os brasileiros e também pessoas de outros países. Estou gostando da troca de poder conhecer a cultura de outros lugares também”.

Assouan Léa Honorine Wadja Epse Kouakou, da Costa do Marfim, estreante na Festa do Imigrante. (Foto: Antonella Pulcinelli/MigraMundo)

Já Ana Paula Tatarunas, filha de lituanos, é uma veterana da Festa do Imigrante, participando anualmente desde a terceira edição. “Pra nós é um orgulho transmitir o conhecimento, o artesanato, comida e dança, está no sangue”, resume ela, que dirige o Grupo de Folclore e Cultura Lituana Rambynas e também estava na área de artesanatos.

Esse mesmo orgulho de representar a cultura dos antepassados foi expressado por Stephanie Arenas, que tem mãe chilena e estava na barraca gastronômica do país sul-americano.

“´Pra gente é muito importante. É a cultura da minha família, é a minha origem”.

Representando a comunidade croata, Sandra Regina Gavranich participa há sete anos da Festa do Imigrante. Ela relatou que, embora com um público menor do que em edições anteriores, o mais importante é o retorno às atividades presenciais.

“A gente ama vir pra cá. Esse ano tá um pouco devagar [quanto ao público], mas é´compreensivel. Ainda assim está gostoso. Espero que no próximo ano seja melhor”, disse ela, em uma barraca com doces típicos do país do leste europeu.

O público também compartilhou da satisfação de participar do evento.

“Frequento o evento há muitos anos. Essa festa é de uma preciosidade muito grande”, relatou a professora de idiomas Nanci Sarto.

A corretora de imóveis Maria Eloisa Abel é frequentadora assídua do Museu, mas estreou na festa neste ano. E gostou do que viu “O artesanato eu achei um pouco caro, mas a gastronomia foi ótima. Dá pra conhecer pratos de todo o mundo. Com certeza virei nas próximas”.

Se correr tudo conforme o planejado, o tempo de espera pela próxima Festa do Imigrante será menor. Segundo o Museu, a edição de 2022 deve ocorrer ainda no primeiro semestre.

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