Evento no Memorial da América Latina celebrou os 193 anos de independência da Bolívia e serve como ponte para conhecer melhor o país vizinho
Por Antonella Vilugrón Pulcinelli
Em São Paulo (SP)
Atualizada em 15/08/18, às 12h05
Como conhecer, em um único final de semana, diferentes sons, danças e outras atrações culturais da Bolívia? A Festa Boliviana Fé e Cultura, que aconteceu neste final de semana (11 e 12/08) em São Paulo, permite essa experiência a cada ano.
Nos dois dias, segundo os organizadores, mais de 20 mil pessoas, em grande parte, diversos bolivianos residentes no país além de brasileiros e algumas outras nacionalidades passaram pelo evento. A ação foi promovida pela Associação Folclórica Bolívia Brasil (ACFBB), em parceria com o Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (CAMI).
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Mais uma vez o evento aconteceu no Memorial da América Latina, em celebração pelos 193 anos de independência da Bolívia – completados oficialmente no último dia 6. Um ato cívico e a entrada das padroeiras da Bolívia – as Virgens de Copacabana e de Urcupiña – abriram os festejos. Ao contrário do ano anterior, a edição de 2018 contou com a ajuda do tempo ensolarado ao longo do final de semana.
Este ano a festa contou com a apresentação de 17 grupos folclóricos que mostraram sete ritmos diferentes que fazem parte da cultura boliviana. Além de conhecer ou rever danças e músicas típicas, foi possível experimentar um pouco da culinária boliviana com barracas gastronômicas que serviram os principais pratos do país – como empanadas de queijo, salteñas, pollo a la Broaster, fricasé, Chicharrón de porco, entre outros.
Assim como outros eventos do gênero, a festa ajuda a comunidade boliviana em São Paulo a matar um pouco das saudades da terra natal ou de seus antepassados. Para a boliviana Lurdes Ortiz, elas também facilitam o processo de transição e adaptação dos migrantes ao Brasil.
“Estou no Brasil há 14 anos e esse evento – pra mim e pra qualquer boliviano – é um evento que te leva lá, te leva pro seu país, apresenta nossa cultura para os brasileiros e para todo mundo que está aqui. É muito bom porque cada cidade, cada estado tem uma cultura. Cada dança representa uma cultura boliviana. Não é uma coisa só, cada lugar é diferente e aqui temos a oportunidade de apresentar mais coisas”.
Além da Festa Boliviana Fé e Cultura, outro importante festejo que reúne a comunidade residente em São Paulo é a Alasitas, celebrada sempre em 24 de janeiro. Estimativas da Prefeitura de São Paulo indicam pelo menos 60 mil bolivianos residentes na cidade, colocando-a como a segunda maior comunidade migrante na cidade – atrás apenas dos portugueses.
Ponte entre Bolívia e Brasil
A cada ano que passa a festa fica mais conhecida não apenas pelos seus conterrâneos, mas também por brasileiros e pessoas de outras nacionalidades que vão para conhecer a cultura do país vizinho.
Descendente de japoneses, Julio, 26, começou a se interessar pela Bolívia ainda em 2005, depois de sintonizar por engano uma rádio comunitária. Hoje conta com a avó, também brasileira, como acompanhante nas festas “Aquilo era meio novo pra mim, o idioma, as músicas e ai fiquei interessado. Até cheguei a ligar lá, acabei entrando no ar e mandei um recado pra eles. dizendo que gostava muito da cultura e que eles eram bem vindos ao Brasil, porque eu notava uma indiferença a eles no bairro que eu morava. A partir daí, procurei buscar mais sobre a cultura não só boliviana, mas latina no geral, e a frequentar as festas típicas.”
A educadora social Maria Nete, 24, que atua em um centro de convivência da Prefeitura de São Paulo, aproveitou a festa de uma outra forma. Acompanhada por um grupo de crianças, aproveitou o evento para ensiná-las sobre diversidade. “Trabalhamos para incluir eles nesses ambientes e fazer com que eles vejam o mundo de outra forma. O projeto desse semestre é sobre a América Latina e nosso foco é que eles se reconheçam como latino-americanos. E a gente trouxe eles aqui pra conhecer o memorial e aproveitar a festa boliviana”.
Entre julho e agosto a Vila Itororó, na região central de São Paulo, recebeu uma ocupação artística que promoveu reflexão e diversão sobre a cultura boliviana.