Atualizado às 10h15 de 2.out.2020
O escândalo de esterilização forçada de mulheres migrantes nos Estados Unidos vem motivando mobilizações de repúdio em âmbito internacional, inclusive no Brasil.
No último dia 15 de setembro veio à tona a denúncia de que mulheres imigrantes presas em um Centro de Detenção do Condado de Irwin, no estado de Georgia foram submetidas a histerectomias. O procedimento consiste na retirada do útero, impedindo a gravidez.
A primeira denúncia foi realizada por uma enfermeira identificada como Dawn Wooten, ex-funcionária da unidade, que entregou as informações para as organizações de direitos civis ‘Project South’ e ‘Government Accountability Project’.
De acordo com a denúncia, a esterilização teria sido realizada em massa, sem informações claras para as imigrantes. O centro de detenção também não realizava testes para detectar possíveis casos de Covid-19 entre as mulheres detidas.
Autoridades de imigração no país confirmaram que o inspetor geral do Departamento de Segurança Nacional vai apurar o caso.
Indignação e mobilização
Em São Paulo, várias organizações também iniciaram uma mobilização com o objetivo de denunciar e divulgar a situação. Segundo uma das fundadora da Equipe de Base Warmis — Convergência das Culturas, a chilena Andrea Carabantes, a situação não é novidade:
“Ela vai se instalando como ‘forma aceitável’ de tratar mulheres migrantes.”
O movimento começou no dia 22 de setembro, por redes sociais, a partir da ação da Frente de Mulheres Imigrantes, Refugiadas e Apátridas de São Paulo. Essa articulação reúne a Warmis, a Rede de Mulheres Imigrantes, Lésbicas e Bissexuais (Milbi), Coletivo Sí, Yo Puedo e mulheres imigrantes e refugiadas independentes. A ação lançou uma nota de repúdio frente às denúncias de histerectomias sem o consentimento das mulheres em centros de detenção nos Estados Unidos.
A mobilização compartilhou o caso com as organizações internacionais de migrantes, feministas e de proteção dos direitos humanos, pedindo apoio para a nota de repúdio emitida pela frente de coletivos. Obtidas as assinaturas, as organizações enviaram a carta assinada para a Embaixada dos Estados Unidos.
O texto que pede apoio para diversas entidades exige o fim da criminalização da migração nos Estados Unidos, além do fechamento dos centros de detenção. Outro pedido também é a proteção às pessoas que denunciaram os casos recorrentes, incluindo a enfermeira Dawn Wooten.
Ao todo, 112 organizações de 14 países da América e da Europa assinaram a carta e a nota foi enviada nos dias 28 e 29 de setembro:
Argentina
Asociación Civil Yanapacuna
Convergencia de las culturas Mar del Plata
Federación Argentina de Lesbianas, Gays, Bisexuales y Trans – FALGBT+ Frente de
Migrantes Organizados de la República Argentina
Indústria Metalúrgica y Plástica Argentina – IMPA
MAT
Ni Una Migrante Menos
Red de Migrantes y Refugiades en Argentina
Convergencia de las Culturas Argentina
Asociación MILAGROS AYELEN discapacidad desarrollo consciente Kuña Aty CABA
Movimiento Evita
Brasil
Associação Potiguar de doulas – APD
Apeoesp Subsede Suzano
As Trapeiras
Associação Educacional e beneficente vale da benção/ Programa Reconstruir – apoio a
famílias Refugiadas
Associação Renascer Mulher
Casa das Áfricas
Católicas pelo Direito de Decidir
Centro dos Direitos Humanos Maria da Graça Braz Centro Integrado João de Paula –
Exército de Salvação Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE
Cio da Terra – Coletivo de Mulheres Migrantes
Coletiva TIME – Táticas Integradas para Meninas e Mulheres
Coletivo Magdas Migram RJ
Comitê Migrações e Deslocamentos da Associação Brasileira de Antropologia Conselho
de Leigos da Arquidiocese de São Paulo – CLASP
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
Espaço Cultural Mané Garrincha
Fórum de Mulheres de Joinville
Fórum Internacional Fontié ki Kwaze – Fronteiras Cruzadas
Frente Feminista de Esquerda Alto Tietê
Grupo Operário Internacionalista
ONG Rabet
Laboratório de Estudos Migratórios – LEM
LGBT+Movimento
Meta Assessoria em Desenvolvimento Humano
Odara Conecta
Oitava Feminista
Pastoral da Criança
Projeto Imigrantes e Refugiados Joinville
Projeto de Promoção dos Direitos de Migrantes – PROMIGRA
QG Feminista
Rede de Mulheres Negras do Paraná
Coletivo Labibe Yumiko
Coletivo Garoa
Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes – GAMI
Roda a Palavra Paz
Fórum Brasileiro do Novo Humanismo pela Não Violência Ativa
Chile
Brigada Migrante Feminista
Cabildo “Salud, un Derecho”
Colectivo de Teatro Palabrota
Comisión de Derechos Humanos Colegio de Psicólogos de Chile Comisión Nacional de
Mujeres Juventudes Comunista
Con las amigas y en Akunkawa
Convergencia de las Culturas Valparaíso, Chile
Coordinadora Nacional de Inmigrantes de Chile
Corporación de Desarrollo de la Mujer La Morada
Fundación Féminas Latinas
Grupo de Estudios de Religión y Política – GEMRIP
Movimiento de Acción Migrante – MAM
Laboratorio Comunitario para mujeres negras y afrodescendientes Negrocentricxs Ni Una
Menos – Activistas Feministas
Observatorio Ciudadano
El Llamado de la Tribu (Círculo de Mujeres)
Fundación EPES
Comisión de DDHH de la Esquina de la Dignidad
Raíces de Resistencia
Secretaría de Mujeres Inmigrantes
Teatro de las Oprimidas Mar y Cordillera
Colômbia
Rueda la Palabra Paz
Católicas por el Derecho a Decidir
Corporación de Apoyo a Comunidades Populares – CODACOP
Colectiva Suyan
Colectivo La Subterránea
La Mesa por la Vida y la Salud de las Mujeres
Red Huilense de Defensa y Acompañamiento en Derechos Sexuales y Reproductivos –
RHUDA
Costa Rica
Asociación Red de Mujeres Nicaragüenses
Cuba
Movimiento Estudiantil Cristiano de Cuba
Equador
La Gallina Malcriada UNHTA
El Salvador
Católicas por el Derecho a Decidir El Salvador
Guatemala
Convergencia Ciudadana de Mujeres
Asamblea Ciudadana contra la Corrupción y la Impunidad – ACCI Voces de Mujeres
Itália
Suore Francescane Alcantarine
México
Aquelarre Cihuacóatl-Colectiva feminista Hidalguense Colectiva Inmunitas
Las brujas del mar
Marea Verde México
Mujeres de la Sal Viva y feminista
Peru
Luna que Doula
Grupo Negro Mamaine
Espanha
Asociación cultural, social y empresarial de Hispanoamericanos en Valencia Asociación
SEDOAC
Centro Humanista de las Culturas
Encuéntrame en Las Ondas
Huitaca Pacto por la vida y por la paz
Mujeres Supervivientes
Red de Mujeres Migradas de América Latina y el Caribe Red de Mujeres
Latinoamericanas y del Caribe Colectiva de Mujeres Refugiadas Exiliadas y Migradas
Convergencia de las Culturas de Lavapiés
Estados Unidos de América
Red por la Paz y el Desarrollo de Guatemala – RPDG
Regional (America Latina)
Federación Universal de Movimientos Estudiantiles Cristianos
Fórum Humanista Latino-americano
Até o momento, não houve nenhum retorno ou pronunciamento do governo estadunidense.
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