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quinta-feira, novembro 21, 2024

Migrantes querem diálogo. Mas também querem ação

Representantes de organizações ligadas ou simpáticas aos migrantes estiveram reunidos na última quinta-feira (31) para debater e apresentar reivindicações ao poder público de São Paulo. E o encontro foi uma amostra do tamanho do desafio diante tanto das autoridades como dos próprios migrantes.

O evento, que ocorreu no auditório Adoniran Barbosa do Centro Cultural São Paulo, fez parte dos programas #existedialogoemSP e #dialogosSPDH/migrantes, organizados pela Secretaria Municipal de Cultura e pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos. Dentre os presentes, estavam representantes de vários países da América Latina, além de Guiné-Bissau, Senegal e dos brasileiros que vivem no exterior. Do lado municipal participaram Rogério Sottili, secretário de Direitos Humanos, e Juca Ferreira, secretário de Cultura. Mediando o encontro estava Paulo Illes, coordenador de Políticas para Migrantes da Prefeitura de São Paulo.

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Patrícia, da comunidade paraguaia, fala com Paulo Illes (e), Rogério Sottili (c) e Juca Ferreira (d)
Crédito: Rodrigo Borges Delfim

Dentre as diversas reivindicações dos migrantes, três grandes eixos podem ser destacados, nos campos da cultura e cidadania: o direito ao espaço público para manifestações e exposições culturais periódicas e permanentes, a regularização e reconhecimento das associações culturais migrantes e, de forma unânime, o direito a voto direto nas eleições.

Comunidades boliviana e paraguaia levaram suas bandeiras nacionais para o diálogo
Comunidades boliviana e paraguaia levaram suas bandeiras nacionais para o diálogo
Crédito: Rodrigo Borges Delfim

Durante o encontro, o secretário Rogério Sottili (Direitos Humanos) fez questão de mostrar a disposição da atual gestão municipal em ouvir os migrantes. Ele prometeu ainda dar continuidade a reivindicações que já estão em curso, como a regularização da Rua Coimbra e revitalização da Praça Kantuta (tradicionais pontos de encontro da comunidade boliviana) e lembrou uma recente conquista: a flexibilização das normas para abertura de contas bancárias, acesso a crédito e remessas ao exterior.

Ao mostrar apoio às iniciativas culturais, Sottili enfatizou que é necessário ocupar toda a cidade para debater Direitos Humanos, e fazer manifestações culturais. “Só vamos mudar essa cultura com muita cultura”, explicou, referindo-se ao ainda pequeno espaço ocupado pelos migrantes no cenário cultural paulistano e ao histórico da cidade de criminalizar e subestimar manifestações e exposições de cunho popular.

“Se não existe diálogo em São Paulo, então vamos criar. Não acredito em política pública feita dentro de gabinete”, disse o secretário Juca Ferreira (Cultura), que também enfatizou que as comunidades precisam ser incluídas na sociedade.

Além das reivindicações que já estão em curso e foram lembradas durante o debate, os representantes das comunidades também cobraram: a inclusão de manifestações migrantes durante a Virada Cultural (que acontece anualmente em São Paulo); reconhecimento das rádios comunitárias; formas de apoio às mídias migrantes; permissão para realizar atividades culturais nas escolas; inclusão dos festivais e eventos migrantes em geral no Calendário Cultural de São Paulo; espaços para exposições artísticas em geral, entre outros.

Ao falar da questão do voto, bastante cara aos migrantes, Sottili ressaltou que o tema precisa ser tocado em conjunto com as comunidades e a secretaria. Juca citou ainda que a questão precisa ser levada ao governo federal e que é necessário procurar sensibilizar a sociedade civil dessa demanda – por exemplo, buscando apoio de entidades representativas, como centrais sindicais.

Apresentação de tinkus, tradicional dança boliviana da região de Potosí
Apresentação de Tinkus, tradicional dança boliviana da região de Potosí
Crédito: Rodrigo Borges Delfim

O diálogo foi finalizado com coquetel e as apresentações de três danças típicas da Bolívia, cada uma de uma região diferente do país: Morenada, Caporal e Tinkus.

Com informações do portal Bolívia Cultural

4 COMENTÁRIOS

  1. […] Em outubro de 2013, o MigraMundo acompanhou um diálogo entre migrantes e a Secretaria Municipal de Cultura, também mediado pela então recém-criada Coordenação de Políticas para Migrantes. E o encontro, que aconteceu no Centro Cultural São Paulo (CCSP), foi uma amostra do tamanho do desafio diante tanto das autoridades como dos próprios migrantes (veja mais aqui). […]

  2. […] Em outubro de 2013, o MigraMundo acompanhou um diálogo entre migrantes e a Secretaria Municipal de Cultura, também mediado pela então recém-criada Coordenação de Políticas para Migrantes. E o encontro, que aconteceu no Centro Cultural São Paulo (CCSP), foi uma amostra do tamanho do desafio diante tanto das autoridades como dos próprios migrantes (veja mais aqui). […]

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