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segunda-feira, dezembro 23, 2024

Mulheres africanas e suas histórias são temas da nova edição do projeto Vozes e Olhares

Em nova fase com vídeo documental, projeto reforça a importância de celebrar a ancestralidade também nos processos migratórios contemporâneos, além de dialogar com a questão do gênero

Oito mulheres de diferentes países africanos foram reunidas em uma roda para contar a história de suas joias ancestrais e compartilhar as experiências vividas por elas ao migrar para o Brasil. O resultado desse diálogo está no novo documentário do Projeto Vozes e Olhares, que será lançado oficialmente nesta sexta-feira (24) em São Paulo, às 10, dentro do seminário Vozes Africanas, no Museu da Imigração.

A produção representa uma nova etapa do projeto, lançado em 2021. O documentário, com 12 minutos de duração, foi gravado nas dependências da Missão Paz, em São Paulo. A produção traz ao público temas relevantes para a vida das mulheres migrantes e refugiadas, como a inserção no mercado de trabalho brasileiro, situações de xenofobia e racismo, questões culturais, mas principalmente sobre a história da África – o berço da humanidade.

A primeira edição, por sua vez, consistiu em uma série audiovisual com histórias de mulheres congolesas, filipinas e venezuelanas. Os relatos evidenciaram os desafios, riscos e dores da migração e do refúgio, a saudade dos filhos e da família, a adaptação a uma nova cultura, os abusos sofridos no país de origem e no Brasil e a batalha por uma vida mais digna e feliz. Relembre aqui a reportagem do MigraMundo sobre o projeto.

A realização das gravações do documentário ficou a cargo dos cineastas Juliana Sanson e Gustavo Castro, da produtora Fabulário Filmes. Eles são os criadores do projeto Feitos de Coragem, que desde 2019 promove oficinas de Storytelling e Realização de Vídeos com migrantes e refugiados que vivem no Brasil. 

Roda de conversa do documentário Vozes e Olhares, gravado na Missão Paz, em São Paulo. (Foto: Divulgação)

Ancestralidade, migração e gênero

O projeto Vozes e Olhares é idealizado por Clarissa Paiva, consultora de projetos da Missão Paz, e pelo padre Paolo Parise, coordenador da instituição. Além disso, conta com apoio da Fundação Rosa Luxemburgo Brasil e Paraguai, que também apoiou a edição de 2021.

Para Clarissa Paiva, o novo vídeo documental reforça a importância de celebrar a ancestralidade também nos processos migratórios contemporâneos, além de dialogar com a questão do gênero.

“Numa estrutura social patriarcal, machista e violenta em que vivemos, é muito importante que tenhamos esse olhar atento para as histórias de vida das mulheres migrantes,  principalmente aquelas do continente africano. A gente espera que cada vez mais, a partir desse movimento de falar sobre a feminilização do fenômeno da migração e refúgio, que as pessoas reflitam sobre a importância dessa memória dessa celebração.

A idealizadora do Vozes e Olhares acrescentou ainda que o documentário foi pensado ainda em uma proposta de ser algo mais celebrativo, muito mais do que trazer relatos sobre a dificuldade da vida das mulheres imigrantes no Brasil.

“A memória é um direito à celebração, um direito à felicidade. Espero que cada vez mais a gente possa ver  histórias sendo contadas e mulheres migrantes ocupando espaços de poder na nossa sociedade para mudar esse cenário estrutural que a gente enfrenta no Brasil com a população negra mas também com a população migrante”.

O Vozes e Olhares é inspirado ainda no seminário Vozes e Olhares Cruzados, evento presencial promovido pela Missão Paz entre 2012 e 2017. O MigraMundo acompanhou três dessas edições – em 2014, 2015 e 2017.

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