Venezuelanos devem ir às urnas neste domingo (16) para uma consulta popular convocada pela Assembleia Nacional do país. O objetivo da ação é questionar a Constituinte que está sendo convocada pelo governo venezuelano para o próximo dia 30 de julho.
Para o governo, liderado pelo presidente Nicolás Maduro, essa Constituinte é a única saída para a crise econômica e política que vem atingindo o país nos últimos anos, altamente dependente do petróleo e seus derivados; já a oposição vê na Constituinte uma manobra de Maduro para se perpetuar no poder – onde está desde 2013, em substituição ao mentor político Hugo Chávez, morto naquele ano.
Como recurso, a oposição procura fazer valer o artigo 71 da Constituição venezuelana – promulgada pelo então presidente Hugo Chávez em 15 de setembro de 1999. Ele estabelece que a Assembleia Nacional Venezuelana (ANV), através da maioria de seus membros, tem a autoridade para convocar consultas populares em assuntos transcendentais para o país.
Os embates entre governo e oposição se tornaram ainda mais acirrados nos últimos meses, gerando protestos que terminam em violência. Quase cem pessoas já morreram.
Venezuelanos no Brasil
A oposição estima que 10 milhões de pessoas em todo o país e no exterior devem participar da consulta. No Brasil, mobilizadores locais estimam a presença de 5 mil nos locais de votação preparados em nove capitais brasileiras – Belém, Boa Vista, Brasília, Curitiba, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.
“Acho vital essa oportunidade que temos de nos manifestar, mediante uma figura que contempla nossa Constituição Nacional. Já fomos muito atropelados pelo governo e as instituições que eles dirigem arbitrariamente”, diz Yasmin Monsalve, que vive no Brasil há 13 anos e é uma das mobilizadoras da consulta no Brasil.
“Se eles tivessem respeitado as leis, nós venezuelanos teríamos participado de um referendo revogatório no ano passado, com o qual poderíamos ter evitado a morte de quase uma centena de pessoas nos últimos três meses”, aponta Yasmin, se referindo aos protestos recentes no país entre oposicionistas e a polícia venezuelana.
Na capital paulista o ponto de votação é a Matilha Cultural (Rua Rego Freitas, 542, Centro); no Rio, o posto estará na lagoa Rodrigo de Freitas.