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quarta-feira, março 19, 2025

Veja grandes nomes atuais do tênis mundial que possuem raízes migrantes

Assim como ocorre no futebol profissional, alguns dos principais nomes do tênis masculino e feminino possuem também raízes migrantes

Por Guilherme Freitas

Após os anos de domínio do chamado Big 3, formado por Novak Djokovic, Roger Federer e Rafael Nadal, o tênis masculino apresenta novos protagonistas e novas histórias nas quadras pelo mundo. Além de muita habilidade, alguns desses novos astros da modalidade apresentam um ponto em comum: carregam em seus genes, descendência estrangeira de um passado migrante de suas famílias.

Atual líder do ranking mundial, Jannik Sinner é um dos melhores exemplos destes atletas multiculturais. Nascido na pequena vila de Innichen, na fronteira entre a Itália e a Áustria, Sinner compartilha uma mescla cultural desde a infância. Mesmo defendendo a Itália, seu primeiro idioma foi o alemão devido a proximidade com a Áustria, pelo fato de a família de sua mãe ter origens austríacas e alemãs e porque na cidade italiana, mais de 80% da população é falante de alemão. Como os dois países são da União Europeia e assinaram o Acordo de Schengen, as pessoas de ambos os países circulam livremente.

Com o tempo ele passou a dominar o idioma italiano e chegou ao posto de número 1 do ranking mundial em junho de 2024. Sinner conquistou três títulos de Grand Slam (os maiores campeonatos do tênis) desde o ano passado, com destaque para o bicampeonato do Australian Open. Porém, o atleta enfrenta atualmente um momento difícil, estando suspenso por ter sido pego em um exame antidoping.

Logo atrás de Sinner no ranking mundial, Alexander Zverev é outro atleta com origens migrantes em sua família. Nascido em 1997 na cidade de Hamburgo, na Alemanha, ele é filho de dois ex-tenistas profissionais russos. Zverev faz parte de uma geração de alemães filhos de migrantes que deixaram a União Soviética logo após o colapso da antiga potência econômica. Segundo uma pesquisa da Comissão Mundial sobre as Migrações Internacionais (CMMI), publicada em 2005, estima-se que mais de 500 mil russos migraram para a Alemanha na década de 1990, entre eles, os pais de Zverev. 

Sascha, como é conhecido no circuito, é um dos tenistas mais vencedores da atualidade. Mesmo sem ter vencido um Grand Slam na carreira, ele soma outros títulos de expressão como a medalha de ouro olímpica nos Jogos de Tóquio-2020 e o bicampeonato do ATP Finals em 2018 e 2021, evento que ocorre no fim da temporada e reúne os melhores jogadores do ano.

Outro tenista que atualmente está no top 5 e tem raízes migratórias na família, é o estadunidense Taylor Fritz. O atleta nasceu na Califórnia e tem múltiplas origens migrantes em seus genes. Seu trisavô materno foi David May, um empresário judeu-alemão que migrou para os Estados Unidos em meados do século 19 e criou uma grande rede de varejo. Do lado paterno, Fritz tem descendência suíça e alemã, com seus antepassados também chegando aos EUA no século 19. Nesta época houve uma grande migração de europeus ao chamado “novo mundo”, em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Segundo dados da Biblioteca Nacional do Governo dos Estados Unidos, estima-se que mais de 12 milhões de migrantes chegaram nos EUA apenas na segunda metade do século 19, sendo a maioria deles oriunda da Europa.

Em franca ascensão no cenário internacional, Fritz vem conquistando vitórias e títulos desde 2022. Nos Grands Slams e torneios de grande porte também soma bons resultados, como um vice-campeonato no US Open e outro no ATP Finals, ambos no ano passado.

Outros nomes

Além deles há outros tenistas entre os 30 melhores do mundo com descendência migrante, reflexo de intensos movimentos migratórios de suas famílias no passado. O australiano Alex de Minaur é filho de um uruguaio com uma espanhola. O canadense Felix Auger-Aliassime é filho de um migrante togolês. Já o francês Arthur Fils é filho de um migrante caribenho. Por fim, seu compatriota Giovanni Mpetshi Perricard tem descendência congolesa.

Isso sem falar no tênis feminino que nos últimos anos apresentou ao mundo uma geração de promissoras tenistas também com fluxos migratórios em suas famílias: caso da italiana Jasmine Paolini, que tem descendência ganesa e polonesa; a inglesa Emma Raducano, que nasceu no Canadá e é filha de um romeno e uma chinesa; a canadense Leylah Fernandez, com descendência equatoriana e filipina e a estadunidense Emma Navarro, descendente de migrantes italianos. Sem falar na ex-número 1 do mundo, Naomi Osaka que carrega origens haitianas e japonesas, numa história que virou até minissérie da Netflix.

Como visto, o tênis mundial é hoje um esporte com múltiplas histórias relacionadas aos fluxos migratórios dos últimos séculos. Totalmente diferente de um passado cada vez mais distante, de uma prática esportiva idealizada pela elite e avessa a grande massificação. É verdade que nos dias de hoje ainda não é uma modalidade de fácil acesso, porém, cada vez mais é impactado pela globalização e pelos fluxos migratórios, apresentando interessantes histórias de vida por meio do esporte.

Sobre o autor

Guilherme Freitas é doutor em Mudança Social e Participação Política pela Universidade de São Paulo e pesquisador sobre fluxos migratórios e sociologia do esporte


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