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sexta-feira, novembro 22, 2024

Rejeição do Brexit daria futuro incerto a 3,5 mi de migrantes europeus no Reino Unido

Por Victória Brotto
Em Estrasburgo (França)

Depois do acordo de saída do Reino Unido da União Europeia ter sido aprovado pelos dirigentes dos 28 países-membros da UE, agora ele voltará para o Parlamento britânico para ser votado no dia 11 de dezembro de forma definitiva. Mas há grandes chances de tal acordo ser vetado pelos membros do parlamento britânico. Para ser derrotado, ele precisa apenas de sete votos contrários do Partido dos Conservadores a mais do que os que já tem. Mas se isso acontecer – o chamado “no deal” –, o Reino Unido se verá fora, do dia para a noite, da União Europeia.  Sem acordo, sem cláusulas, sem nada.

Essa possibilidade joga em um campo enorme de incertezas o futuro de 3,5 milhões de migrantes europeus que hoje vivem no Reino Unido. De acordo com o rascunho de 585 páginas do chamado Brexit apresentado por May, todos os europeus que vivem e/ou trabalham em território britânico terão seus direitos de residentes mantidos.

No entanto, a ideia, segundo May, é que depois de um período de transição de 18 meses, a partir do dia 29 de março de 2019, estes europeus residentes tenham que passar por um processo administrativo para continuar no Reino Unido.

À BBC, em entrevista antes do processo de votação começar, May afirmou que, a longo prazo, uma vez consolidado a saída da UE, os migrantes europeus seriam tratados como são tratados hoje os migrantes vindos de fora da União Europeia. Inclusive,  May, em um encontro com empresários em Londres na semana passada, foi muito criticada após ter falado que os europeus “não furariam mais a fila” da imigração. Veja mais no vídeo abaixo, do MigraMundo.

 E se o Brexit for rejeitado?

Os jornais do mundo inteiro amanheceram nesta segunda-feira, depois da votação positiva em Bruxelas, explicando para os seus leitores que a prova de fogo, na verdade, começará agora. No dia 10 de dezembro o Brexit de May enfrentará um Parlamento majoritariamente contrário ao seu acordo. Tanto os membros do Partido Conservador quanto os trabalhistas não veem o acordo como bom para o Reino Unido. Entre os conservadores, há o consenso de que tal Brexit não colocaria, de fato, o Reino Unido fora da UE, mas que com a fronteira flexível entre as Irlandas, por exemplo, os britânicos ainda estariam subordinados ao bloco.

Já os trabalhistas pedem um novo referendo. Mas o fato é que se rejeitado no Parlamento, a ministra terá 21 dias para apresentar um novo acordo. Em caso de nova rejeição, os britânicos podem sair “sem acordo”, o que provocaria uma grande situação de incerteza, uma vez que o Reino Unido, pela lei, sairá da UE às 23h do dia 29 de março de 2019

O jornal francês Le Monde , nas primeiras horas da segunda-feira, em seu portal, enfatizou que o Brexit está mais perto do que nunca em termos de data, mas que, ao mesmo tempo,  a primeira-ministra Theresa May viverá as semanas mais duras de seu mandato daqui para a frente.  E que em caso de no deal, ou May renúncia ou pede um novo referendo.

Já a emissora britânica BBC estampou em seu site uma imagem do Parlamento britânico coberto de raios. Tal imagem estampava a pergunta-manchete do site, pergunta essa chamada de “pergunta de fogo que queima os corredores do Parlamento”:

“O que acontecerá se o Parlamento rejeitar o acordo de May?”. “Theresa May acaba de aprovar seu acordo em Bruxelas, mas no momento está mais em evidência o duro trabalho que ela terá pela frente dentro do Parlamento britânico”, afirma Ben Wright, correspondente político da emissora. E acrescenta: “May tem apenas 13 votos a favor. Ela precisa apenas do voto contrário de sete conservadores para ser derrotada”, acrescenta Wright. A BBC também enfatizou os esforços da primeira-ministra de explicar aos políticos britânicos que tal acordo em votação é “melhor e o único acordo” que os britânicos têm hoje.

Já o espanhol El País afirma que a polêmica cláusula sobre Gibraltar, que esquentou o debate entre May e a Espanha, foi superada, com o acordo tendo passado pela União Europeia. Mas que tal desavença não foi nada perto do que espera May em seu parlamento.

O jornal norte-americano The New York Times também se fez a mesma pergunta da BBC sobre o que virá depois do sim da UE. “Agora vem a parte mais dura”, escreveram Liana Magra e Stephen Castle, correspondentes em Londres. “May tem enormes muros para quebrar”, acrescentaram.

 

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