É verdade que saímos de “a pessoa do RH que fala inglês” para especialistas com experiência na gestão de pessoas e talentos globais, interculturalistas, gestores de projetos globais, especialistas em impostos e tributos em diferentes países. E o centro das atenções, quando respondemos a célebre pergunta “Com o que você trabalha?”.
Por isso, pode ser interessante ter um overview de Mobilidade Global no Brasil. Afinal, olhar para o passado pode responder questões atuais, ou mesmo, futuras, além de pode ser valioso para muitos temas. E, pode nos ajudar a chegar onde almejamos ir.
O ovo ou a Galinha?
É um pouco difícil dizer com certeza qual foi o estopim para o mercado brasileiro de um profissional expatriado. Ou qual foi a empresa que enviou o primeiro um brasileiro para o exterior ou recebido o primeiro estrangeiro no Brasil.
Mas, segundo a pesquisa de Gallon, Fraga e Antunes, é possível dizer que a expatriação “torna-se foco de pesquisa no final da década de 1970, ao analisar a adaptação e a eficácia dos expatriados, as quais anteriormente eram analisadas na perspectiva dos voluntários do Corpo da Paz e dos estudantes de intercâmbio, havendo poucos trabalhos sobre gestores expatriados“.
A expatriação começa, assim, emprestando o movimento que acontecia (e ainda acontece) com intercambistas e voluntários internacionais. Para que, após essa inspiração inicial, tendo em vista as diferentes e complexas nuances que um profissional expatriado possui, em relação a um voluntário e a um intercambista, melhores conceitos e políticas possam ser desenhadas – suprindo assim as necessidades da empresa e respondendo ao mercado.
Por muito tempo, Global Mobility foi uma ferramenta que englobava duas vertentes
- Necessidade Técnica;
- Premiação por tempo de cargo.
Ou seja, as razões pelas quais colaboradores eram movimentados pelo mundo, nos limites corporativos de Global Mobility, podiam ser de várias qualidades, mas normalmente resumiam-se a essas questões.
Atualmente
Até hoje a Necessidade Técnica continua (e continuará) sendo a principal força que impulsiona o departamento de Mobilidade Global dentro das empresas. Suprir a necessidade técnica em uma filial em outro país, consertar uma máquina, gerir uma equipe, administrar uma filial estrangeira, todas essas são razões que movimentam pessoas nas empresas.
Mas até certo tempo atrás, a expatriação era usada como Premiação por Tempo de Cargo, onde o funcionário com muito tempo de empresa, e sem muito espaço para crescimento, era enviado para “passar um tempo no exterior”.
Esse segundo ponto tornou, por muito tempo, Global Mobility em uma área glamurizada e, consequentemente, muito cara (o que, recentemente, tem sido mudado.). Os processos de mobilidade global eram muito compreensivos, e tendo em vista a confortabilidade do profissional expatriado e sua família.
Com o tempo, essa prática foi mudando, passando por uma maturação — principalmente do ponto de vista de custos. O que era visto antes como “cover of local costs” passou a ser “coverage of reasonable costs linked to the Mobility process“, o que foi feito por muitas empresas, tendo em vista uma melhor gestão de custos de mobilidade.
Essa maturação da área de GM ajuda, e muito, a melhor definição do que é um expatriado. Saindo de alguém que somente supre uma necessidade técnica ou ganha um benefício, para um profissional que consegue navegar em diferentes culturas e cenários que podem ser desconhecidos.
Desenvolvimento
Mesmo com as recentes situações e cenários pouco favoráveis, uma das grandes mudanças, ou melhor, evoluções, passa pelas diferentes gerações que agora estão sendo expatriadas, em Mobilidade Global, as quais alteram um pouco a gestão dos processos da área, abrindo novas mobilidades de expatriação. As gerações Y e Z não esperam por suas empresas, para que uma expatriação ocorra, muitos se auto-expatriam em busca de novas oportunidades e desafios.
Além do público atualizado, as restrições globais e de locomoção causadas pela pandemia do Covid-19, fizeram com que o trabalho remoto e a tele-expatriação (ou Virtual Assignment) saíssem do cenário de testes e ajudassem aos envolvidos a contornar as restrições acima.
… e depois?
Pode parecer um pouco difícil dizer o que vai acontecer mais para frente, vendo o que estamos passando nessa metamorfose. Mas temos a certeza de que pessoas continuarão mudando de um país para outro, para trabalho, para estudo ou mesmo pela necessidade de novos ares.
Sendo assim, para todas essas possibilidades, a Mobilidade Global continuará sendo necessária — assim como sua constante evolução.
Sobre o autor
Danyel Andre Margarido possui mais de dez anos de experiência em Mobilidade Global e Expatriados, atuando como consultor de Global Mobility na EMDOC, e fundador da Altiore Experience. Já realizou a movimentação de mais de 2000 famílias pelo mundo. É formado em Relações Internacionais pela UniFMU, com especialização em Direito Internacional pela Escola Paulista de Direito. Tem MBA em Recursos Humanos, pela Anhembi Morumbi, e um mestrado profissional em Recursos Humanos Internacionais, pela Rome Business School.
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