Por Maria Eduarda Matarazzo
A OIM (Organização Internacional para Migrações) informou que quase 4 milhões de pessoas já foram obrigadas a deixar suas casas no Sudão em busca de abrigo por conta do conflito interno iniciado em meados de abril.
Conforme o relatório mais recente publicado pela agência da ONU, há pessoas deslocadas em todos os 18 estados do país. As regiões que registraram maiores proporções de pessoas deslocadas foram Rio Nilo, Norte, Norte de Darfur e Nilo Branco.
A agência ainda enfatiza que nos últimos 108 dias, o número de deslocamentos superou o total registrado nos quatro anos anteriores e salientou que, devido aos conflitos, muitas áreas permanecem inacessíveis.
Destino dos refugiados sudaneses
Os combates armados já deixaram mais de 3 milhões de deslocados internos e 926 mil sudaneses buscando refúgio em países vizinhos.
Os principais destinos dos refugiados sudaneses são Egito, Líbia, Chade, República Centro-Africana, Sudão do Sul e Etiópia.
O ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), no entanto, disse que os campos de deslocados estão superlotados e em condições “angustiantes”. Outro fator que preocupa a agência da ONU é a aproximação da estação chuvosa, que irá dificultar ainda mais o deslocamento e a entrega de ajuda para essas pessoas.
Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) comunicou o surgimento de casos de doenças infecciosas entre as populações deslocadas que buscaram refúgio em áreas de difícil acesso, onde os serviços de saúde são limitados. Outro caso relatado pela agência da ONU foi as mais de 50 unidades de saúde que foram alvo de ataques no Sudão.
Apesar do apoio da OMS na prestação de serviços de saúde tanto no Sudão quanto nos países vizinhos, a organização alertou que a crise sanitária teve um impacto abrangente em toda a região.
Entenda o conflito
Tudo começou após a truculenta transição de poder quando ocorreu a queda do presidente Omar al-Bashir, em abril de 2019, após uma combinação entre partidos políticos e grupos da sociedade civil, cujos líderes eram Abdel Fattah al-Burhan -líder de fato da nação, que comanda o exército – e o comandante das Forças de Apoio Rápido (RSF, na siga em inglês) paramilitares, Mohamed Hamdan Dagalo.
A grande tensão se deu durante as negociações para integrar a RSF nas forças armadas do país como parte dos planos para restaurar o governo civil, então no dia 15 de abril de 2023, acampamentos do exército sudanês em Cartum foram alvo de ataques pelas Forças de Apoio Rápido (RFS), desencadeando uma tentativa de golpe de estado e desde esse dia o Sudão vive numa guerra sem perspectiva de término ou cessar-fogo.
Com informações da ONU News