Em meio aos debates sobre a reforma das leis de imigração nos Estados Unidos, um aspecto que não pode ficar de fora é o da detenção de imigrantes que entram sem documentos no país – muitos deles fugindo da violência nas nações de origem. E essa movimentação, para algumas empresas, é transformada em grandes somas de lucro, como mostra o documentário “Immigrants for Sale”.
A produção, feita em 2011 pelo grupo ativista Cuéntame, ilustra alguns fatos por trás da ligação entre a repressão em curso sobre a imigração indocumentada e indústria que visa lucrar punindo os imigrantes detidos. O vídeo está disponível na internet e pode ser assistido também no player abaixo:
O documentário ainda critica as movimentações obscuras dessas corporações nos bastidores e fazendo lobby no Congresso dos EUA para endurecer ainda mais as leis de imigração e apertar o cerco aos sem documentação. Com isso, tendem a ganhar mais dinheiro e a alimentar um círculo vicioso no qual o imigrante – literalmente – vira uma mercadoria.
E quanto mais dinheiro essas corporações ganham, mais poderosas ficam. De acordo com o documentário, anualmente a detenção de imigrantes movimenta uma soma de US$ 5 bilhões.
Além de denunciar essa indústria, a produção procura dar voz aos imigrantes detidos no sistema e suas famílias, procurando trazer de volta ao debate o elemento humano que os centros de detenção e as políticas restritivas de imigração tratam de afastar.
Perigosas simplificações
Para a brasileira Carolina Van Moorsel, coordenadora do projeto de asilo do National Immigrant Justice Center (NIJC), sediado em Chicago e que oferece serviços gratuitos para imigrantes, esses centros de detenção são consequência de uma abordagem que desumaniza a temática migratória e leva a abordagens simplificadas, incompletas e normalmente problemáticas à situação.
“Transformar a imigração em uma questão de “segurança pública”, de “mercado de trabalho” ou de “manutenção da cultura pura de uma sociedade” só é possível quando retiramos o elemento humano da equação. É assim que surgem soluções ainda mais problemáticas à questão, como por exemplo, a privatização dos centros de detenção”.
No vídeo, aparece uma citação atribuída ao ex-presidente dos EUA Franklin Delano Roosevelt que bem que poderia servir de mantra para um país que tem a imigração como um importante elemento na formação da própria sociedade. No entanto, a realidade é bem distante dessas palavras do ex-presidente.
“Remember, remember always: that all of us, and you and I especially are descended from immigrantes and revolutionists” (Lembrem-se, lembrem-se sempre: que todos nós, e você e eu especialmente somos descendentes de imigrantes e revolucionários, em tradução livre).
Leia mais:
The Shame of America’s Family Detention Camps – The New York Times
Ghost town detainees: inside the US immigration system – The Guardian
Jailing undocumented immigrants is big business – Huffington Post
Ainda sobre este assunto, mas com foco na apropriação da força de trabalho dos migrantes, eu sugiro este documentário que contextualiza as práticas no RU : https://vimeo.com/126678906
Obrigado pela sugestão, Francis. Vou assistir ao documentário.
Abraços,
Rodrigo – MigraMundo
Caro Rodrigo,
Queria saber se e possivel por este artigo seu no digaai claro com os devidos creditos.
Abracos,
Alvaro
Claro, Alvaro! fique à vontade.
Abraços,
Rodrigo
Eu acho que qualquer país, tem o direito de aceitar ou não imigrantes. Mas, o caminho correto é tentar legalmente. Ser ilegal nunca é bom.