Depois de muito acolher e auxiliar imigrantes com seu ativismo, chegou a vez do sírio Abdulbaset Jarour receber destes a retribuição por sua atuação. A mãe do vice-presidente da ONG África do Coração, Khadouj Makzum, morreu na manhã da última quarta-feira (13) após três semanas internada devido ao coronavírus.
O caso foi contado por reportagem do jornal Folha de S.Paulo no dia 28 de abril passado. O texto lembra ainda a luta do ativista para trazer a mãe e a irmã da Síria para viverem com ele no Brasil, o que ocorreu em dezembro de 2018.
Nos dias seguintes à internação da mãe, Abdo — como também é conhecido — ainda conseguiu conciliar os cuidados com ela e as atividades da África do Coração. Justamente em um momento no qual a ONG tem sido demandada constantemente em ações em favor das comunidades migrantes em São Paulo.
Uma das atividades integradas pela África do Coração, inclusive, é uma campanha na qual conscientiza imigrantes sobre a importância do isolamento social como forma de conter o coronavírus. E de quebra, de cuidar um do outro nesse momento.
Homenagens e apoios
A dedicação do ativista à mãe e à causa migratória, no entanto, não passou em branco. Imigrantes, coletivos de imigrantes, associações ligadas à temática migratória e amigos manifestaram pesar, apoio e solidariedade.
“Meus sentimentos meu querido amigo, não posso estar com você por perto, mas estou do coração”, disse a ativista congolesa Prudence Kalambay. Além de gravar um vídeo em apoio a Abdo, também lançou as hashtags #Abdonãoestasozinho e #abdoestoucomvc para que outras pessoas manifestassem solidariedade.
“Eu orei pela recuperação dela, mas Allah escolheu levar ela agora. Que ela descanse na Paz de Allah e conforte seu coração”, expressou o turco Mustafa Goktepe —ambos seguem a religião islâmica.
“Lamentamos com pesar essa perda de Abdo JA Rour e nos solidarizamos com todas famílias que estão perdendo seus entes queridos para Covid-19”, se manifestou o Fórum Fronteiras Cruzadas.
“Ele lutou durante 4 anos para conseguir trazê-la ao Brasil e hoje ela nos deixa por conta de um vírus que assola o país. Vai em paz Khadouj Makzum, Addu, meu amigo querido, a você toda solidariedade, toda a força e orações para enfrentar este momento triste”, escreveu o coordenador do Espacio Sin Fronteras, Paulo Illes, que atualmente residente em Portugal.
O sociólogo Alex Vargem, que integra a diretoria do CAMI (Centro de Apoio e Pastoral do Migrante e Refugiado), ainda lembrou de uma homenagem feita pelo próprio Abdo a ele em 2019, quando o colega havia perdido a mãe.
“No ano passado você orou na passagem da minha mãe, no funeral, realizou uma linda homenagem para ela com uma canção árabe-islâmico junto de outros migrantes. Mesmo sabendo que um dia a vida acaba no plano físico, não estamos preparados para perder quem amamos. Meus sentimentos meu grande irmão”.
Assim como na mobilização que ajudou a trazer sua mãe para o Brasil, Abdo também contou com a ajuda de amigos para concretizar uma última homenagem: dar à mãe um funeral islâmico, ocorrido já na tarde de quarta-feira em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.
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