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terça-feira, outubro 15, 2024

Migração e música: Clandestino, Manu Chao

A condição de indocumentado ou clandestino, vivida por milhões de imigrantes no mundo todo é o tema de “Clandestino”, uma das músicas mais conhecidas do cantor Manu Chao e que marca o retorno da série Migração e Música do MigraMundo.

Batizado como Jose-Manuel Thomas Arthur Chao, Manu nasceu em Paris, em 1961, e tem nacionalidade francesa, mas suas raízes estão mais ao sul – mais precisamente na Galícia e País Basco, ambos na Espanha, de onde vieram o pai e a mãe do cantor, respectivamente. Ambos fugiram da ditadura franquista que na época dominava a Espanha.

Tanto a música como o álbum Clandestino (ambos de 1998) são frutos de uma viagem de Manu Chao pela América Latina, com composições em inglês, espanhol, francês, galego e português, mesclando elementos do reggae, toques eletrônicos, rock e outros ritmos.

A letra completa de Clandestino reflete tanto o sentimento de exílio de Manu Chao durante a viagem solitária por terras latinas como real situação vivida pelos migrantes em geral pelo mundo. É considerada por alguns como “a música que narra a condição dos imigrantes pelo mundo”. E um exemplo está no trecho abaixo:

Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Por no llevar papel
Perdido en el corazon
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Yo soy el quiebra ley

A postura de Manu Chao em relação à migração vai além das composições e também chega à militância. Em 2011, ele gravou um novo videoclipe para Clandestino, no deserto do Arizona (EUA), para criticar uma lei local que criminaliza a migração indocumentada e como forma de denunciar as condições em que vivem os imigrantes na região.

Manu Chao grava nova versão de "Clandestino" no Arizona como forma de denunciar condições dos imigrantes na região. Crédito: Reprodução
Manu Chao grava nova versão de “Clandestino” no Arizona como forma de denunciar as condições dos imigrantes na região.
Crédito: Reprodução

Passados 18 anos da gravação de Clandestino (que tem até versão brasileira, gravada pela banda Tihuana), a letra continua atual. O ritmo descontraído não esconde a situação triste vivida por quem está à margem de uma sociedade. Mas estar atento e sensível a essa condição é o primeiro passo para virar a página e se levantar contra um sistema no qual a dignidade humana fica restrita a uma questão de nacionalidade.

 

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