Por Rodrigo Borges Delfim
A migração é um direito humano, e independente da origem, os migrantes possuem direitos. É essa mensagem, assim clara e direta, que está presente na exposição Direitos Migrantes: Nenhum a Menos, aberta no último sábado (24) no Museu da Imigração, em São Paulo.
A mostra é resultado de dois projetos de História Oral desenvolvidos pelo Museu da Imigração: “Conselheiros extraordinários imigrantes nos Conselhos Participativos municipais” e “Mulheres em Movimento: migração e mobilização feminina no Estado de São Paulo”. Ela parte, sobretudo, do entendimento de que a migração é um direito humano, independente do país de origem ou do destino da pessoa que migra – uma posição que ganha ainda mais importância em meio a um contexto local e global no qual predominam a construção de muros e a disseminação do ódio e da discriminação em relação aos migrantes.
A exposição mescla depoimentos, fotos e produções artísticas de migrantes contemporâneos, destacando assim as vozes, experiências, dificuldades, contribuições e reivindicações de cada um deles.
Cidadania em movimento
Um elemento bastante presente na exposição é a fronteira – tanto física como imaterial, nos seus aspectos legais e práticos e no campo simbólico. Ao mesmo tempo, a mostra destaca mobilizações diversas promovidas pelos migrantes na luta para superar essas fronteiras e pelo reconhecimento deles como cidadãos de direitos. Entre eles estão gravações e fotos da Marcha dos Imigrantes, do último Fórum Social Mundial de Migrações (FSMM) e do coletivo Visto Permanente.
Dessa forma, migrantes que não estão exatamente ligados àqueles que passaram pela antiga Hospedaria do Brás conseguem encontrar uma forma de se sentirem representados no Museu. “É um espaço em que eu não me sentia muito representada, mas agradeço por esse trabalho de trazer visibilidade para esta migração da qual faço parte e de poder ocupar o espaço do Museu, mostrar os pontos em comum entre as migrações”, afirmou a chilena Andrea Carabantes Soto, uma das integrantes da Equipe de Base Warmis.
“É papel do museu e é importante que o Museu seja usado também como espaço de discussão de direitos, entender e reafirmar quantas vezes for necessário que migrar é um direito humano, e que os direitos humanos também são eles direitos migrantes, que nos acompanham para onde quer que vamos, uma cidadania que está em movimento”. mostra Tatiana Waldman, curadora da mostra e integrante da equipe do Museu da Imigração.
Para o alemão Werner Reghental, conselheiro imigrante na região do Butantã e um dos entrevistados pela mostra, ficou muito feliz com o resultado. “Foi muito bem feita. Misturou depoimentos dos imigrantes com dados, poesias e fotos. Foi muito impactante”,
Outro retratado na mostra é o malinês Adama Konate, conselheiro na região da Mooca e que também emprestou um de seus poemas ao acervo da exposição. “Precisamos também deixar nossa história aqui”, resumiu.