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domingo, dezembro 22, 2024

O que foi e o que será da Mobilidade Global em 2023

É necessário lembrar sempre que Mobilidade Global é feita por pessoas para pessoas - e talvez seja a única coisa que não se altera em todas as mudanças no mundo de Global Mobility

Por Danyel Andre Margarido

Normalmente o final de um ano e o começo de outro é marcado por reflexões, ponderações sobre o que foi alcançado durante os doze meses passados, o que já foi feito, e o que poderá ser feito dali em diante.

Uma reflexão que proporcione a visão de tudo o que passou, possibilita claridade no que está por vir. “A história se repete”, já disse um pensador, e essa repetição da história, da História, do passado, pode ser para o bem ou para o mal. Podemos repetir os mesmos erros, e podemos ter os mesmos sucessos. Mas não se pode esperar resultados diferentes, fazendo sempre as mesmas coisas – isso seria insanidade, para Einstein pelo menos.

Sendo assim, é importante refletir, e planejar o futuro, tentando, mudando os passos tomados, para ter resultados diferentes. Essa é uma dica valiosa, tanto para projetos pessoais, quanto para a vida profissional. Afinal, os profissionais de hoje em dia não só são cobrados por suas entregas, mas pelo valor agregado à elas – e para definir este valor, é importante a reflexão. (O que pode ser cada vez mais difícil, tendo em vista a rapidez e volatilidade do mundo atual). E como haveria de ser, tal reflexão, é importante para o mundo da Mobilidade Global.

Analisar o que foi feito até o momento, para que possa ser feito algo diferente, ou mesmo, melhor, no futuro é necessário, e, para tanto, é bom começar de algum lugar. Por exemplo, como a Mobilidade Global se iniciou.

Passado

Alguns vão dizer que se iniciou de maneira rudimentar em épocas pré-históricas, com a movimentação de pessoas em busca de melhores condições de vida. Nossos antepassados moviam-se pelo mundo, sem quaisquer restrições fronteiriças, simplesmente caminham e permaneciam em um novo lugar, até que a hora de levantar acampamento surgisse.

Mas a primeira movimentação que necessitou de um visto está em um dos livros mais antigos do mundo: a Bíblia! 

O copeiro do rei Artaxerxes I, o grande líder Neemias, pediu permissão real para que pudesse voltar a Jerusalém, e reconstruir a cidade, a qual havia sido destruída, com seu “muro fendido e suas portas queimadas a fogo”.

Neemias foi um lider nato, compassivo e forte, além de um estrategista importante: tendo em vista a viagem que teria que fazer para o seu país de origem, pediu ao rei Artaxerxes I cartas que o permitisse cruzar as fronteiras de outros povos e países em segurança. Fazendo isso, Neemias atravessou outros territórios apresentando um visto (ainda que não tivesse ainda este nome), alcançando seu destino.

Este líder, foi com uma missão, um trabalho a ser feito, e com uma data de retorno acordada com o rei. Ele permaneceu 12 anos na cidade reconstruída de Jerusalém, retornou ao país de origem por dois anos, e, em seguida estabeleceu-se em Jerusalém até sua morte (este último ponto, ainda sob debate, uma vez que não há menção do local de seu sepultamento.).

Neemias deixou o Império Persa entre os anos 445 ou 444 a.C, por volta do mês de Março/Abril. E com base em sua história é até possível criar o dia do Profissional de Mobilidade Global, tendo em vista que Neemias teve vistos, teve um assignment, uma subsequente localização, passou por shipment (com as madeiras da Floresta Real, que usou para reconstruir os portões queimados.).

Neemias reconstruiu o muro de Jerusalem em 52 dias, apenas, mesmo sofrendo adversidades incríveis de pessoas que não concordavam com a reedificação de Jerusalém.

A História de Neemias traz um exemplo de como pode ser desafiante passar por um processo de expatriação. Desafiante, mas recompensador. Um exemplo de como o passado pode nos ajudar a clarear a visão turva do presente, e pensar no futuro a ser criado.

Presente e futuro

O presente da Mobilidade Global é igual ao seu futuro: com um alto grau de incerteza – causado pelo desconhecido. Há um certo ponto onde presente e futuro se mesclam, e este fica na incerteza.

Com os acontecimentos que se passam por todo o mundo em uma velocidade quase alucinante, fica dificil saber se o passo que está sendo dado é o certo – quiçá saber quando e se o próximo passo será dado. Ainda há o “resquício” da pandemia assolando diversos países, movimentações diversas causada por guerras são apenas alguns exemplos do que está acontecendo pelo mundo que ativamente influenciam a mobilidade global de pessoas.

Ainda questões sociais e economicas afetam os desejos e as necessidades de muito na escolha de sairem de seus países e mudarem-se para outra cultura. Para alguns ainda é uma escolha.

O atual desafio da mobilidade global está em dois grandes pontos:

  • Work from Anywhere;
  • Mudança de papéis em Global Mobility.

A experiência de morar em outro países é chamativa, sua atratividade é uma das forças que move o “negócio” da Mobilidade Global. E, com o empurrão causado pela pandemia, a digitalização forçada, há poder de escolha nas mãos dos profissionais pelo mundo: a escolha de estar em qualquer lugar do mundo para que possam trabalhar.

A mudança (não a queda) da geografia no mundo do trabalho ainda é algo novo. Tão novo que as questões de home office ainda estão tomando forma, ou, mesmo, começando a estagnar? O Work from Anywhere ainda é um tema muito novo, incerto em seus impactos para as empresas pelo mundo. Por isso políticas precisam ser escritas de maneira que possibilitem os funcionários da empresa a darem os passos que querem dar, mas de maneira que não exponham a empresa nem a si mesmos à impactos invisíveis – como, por exemplo, impactos migratórios, laborais e de impostos de se ter um profissional em outro país.

O Work From Anywhere é uma nova modalidade, que poderá evoluir para algo ainda maior, e a construção de políticas sólidas que façam com que essa evolução seja saudável para todos os envolvidos vai requerer experiência e uma visão aguçada sobre tornar as pessoas globalmente móveis.

Advisor global de pessoas

E, justamente, por essa necessidade de desenhar os próximos do Work from Anywhere, é que o advisor de Mobilidade Global terá que sair de sua concha, finalmente. A verdade é que o advisor de Global Mobility já vem sendo trazido para outras áreas dentro do RH há algum tempo, poucas são as empresas onde a área responsável por expatriados não é ligada à outra sub-area do RH, como, por exemplo, Remuneração ou Benefícios.

A Mobilidade Global precisa deixar de ser o departamento de uma pessoa só, sair da posição de “RH que fala inglês”, para poder ser um advisor do negócio. Ou seja, não somente ser um aliado do expatriado e de sua família, mas, também um aliado do RH, tornando o RH mais global, auxiliando em outras frentes que não só para uma população específica dentro das empresas.

Adivisors do negócio, na verdade. Auxiliando as pessoas da empresa em outros assuntos – afinal, work from anywhere pode vir a significar “hire from anywhere”, também. A guerra de talentos tomou uma outra proporção quando as barreiras geográficas que circundavam o trabalho são sublimadas.

A mudança de papel do advisor de mobilidade global está chegando, e é importante que não sejam somente os pilares que sustentam Global Mobility estejam na mente do advisor, mas sim que pessoas conquistem fronteiras, sejam RHs ou sejam expatriados.

O próximo passo da Mobilidade ainda é incerto. Se há certa incerteza no presente, tendo em vista a volatilidade do mundo, o futuro ainda é mais incerto. Há muito que ainda será feito, ainda em 2023, que não é possível ver de onde estamos.

É certo que algumas previsões já podem ser feitas, como o aumento do número de refugiados, não só por conflitos entre países, mas já refugiados climáticos. Com as recentes mudanças climáticas no mundo, muitas pessoas serão forçadas a mudar de região, de país, de cultura.

Ainda, com a possível intensificação de conflitos mundiais, pessoas precisarão, além de mudar-se, trabalhar, precisarão de apoio em sua adaptação e de cuidado – coisas que um advisor de mobilidade global sabe fazer bem.

Dentro das empresas, dois grandes fatores chamam a atenção: ESG, e suas aplicações nas empresas e no mundo da Mobilidade Global; e a necessidade do RH em se tornar mais global, e a atuação do advisor nessa transição.

Isso tudo enquanto se lida com a necessidade de olhar para o profissional à sua frente. É necessário lembrar sempre que Mobilidade Global é feita por pessoas para pessoas – e talvez seja a única coisa que não se altera em todas as mudanças no mundo de Global Mobility.

Ainda se fala sobre Inteligência Artificial, Dados, e tantas outras coisas, mas o futuro é sobre pessoas, usando novas ferramentas em novos cenários. Exatamente como na Mobilidade Global, pessoas em novos cenários, com novas ferramentas – desbravando o mundo.

Sobre o autor

Danyel Andre Margarido possui mais de dez anos de experiência em Mobilidade Global e Expatriados, atuando como consultor de Global Mobility na EMDOC, e fundador da Altiore Experience. Atualmente no setor de Global Mobility do Prysmian Group, já realizou a movimentação de mais de 2.000 famílias pelo mundo. É formado em Relações Internacionais pela UniFMU, com especialização em Direito Internacional pela Escola Paulista de Direito. Tem MBA em Recursos Humanos, pela Anhembi Morumbi, e um mestrado profissional em Recursos Humanos Internacionais, pela Rome Business School.

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