Como estão e de onde vêm os imigrantes que se encontram no mercado de trabalho brasileiro atualmente? Essa foi um das temáticas abordadas no primeiro dia do Seminário Internacional Migrações e Mobilidade na América do Sul, promovido pelo Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra) e iniciado nesta quarta-feira (12) na Universidade de Brasília (UnB).
A primeira mesa de debates do evento teve a apresentação do estudo “A Inserção dos Imigrantes no Mercado de Trabalho Brasileiro”, feito pelos pesquisadores da OBMigra a partir de três bases de dados e registros do governo federal entre 2011 e 2013: IBGE, Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e Coordenação Geral de Imigração (CGI) do Conselho Nacional de Imigração (CNIg).
De acordo com o documento, entre 2011 e 2013 o Brasil teve um aumento de 50,9% dos imigrantes no mercado formal de trabalho, totalizando 120 mil empregados – um contraste forte com a queda de 13,3% verificada entre 2000 e 2010. Essa mudança em um curto espaço de tempo é só um exemplo da dinâmica do fenômeno migratório e dos desafios que ela representa para academia e para a elaboração de politicas públicas.
“No mundo em que vivemos hoje é mito mais difícil fazer classificações como “país de emigração” ou “país de imigração”. A migração é um fenômeno multifacetado e que não se enquadra totalmente em nenhuma grande teoria”, afirma Leonardo Cavalcanti, professor da UnB e diretor do OBMigra.
O estudo apontou que os imigrantes inseridos formalmente no mercado de trabalho ainda estão concentrados nas regiões Sudeste e Sul do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul), mas já possível notar aumentos também nas regiões Norte e Nordeste.
O documento chama a atenção ainda para o crescimento da presença de haitianos – de 406% entre 2011 e 2012, e de 254% entre 2012 e 2013. Com isso, segundo o estudo, os haitianos já superam os portugueses como os imigrantes com maior presença no mercado formal de trabalho brasileiro – de 814 em 2011, chegaram a 14.579 em 2013.
Considerando o recorte temporal da pesquisa, também tiveram crescimento significativo no mercado de trabalho o número de peruanos (182,2%) e colombianos (175,4%) entre 2011 e 3013.
Cavalcanti pondera que ainda é preciso avançar muito mais no sentido de saber quem são e o que traz esses imigrantes para o Brasil. “Falta entender melhor o que está por trás desses números. Temos também de adaptar as políticas públicas brasileiras para essas pessoas, não copiar outros modelos”.
De acordo com a metodologia da OBMigra, o documento se encontra disponível no portal do observatório e está aberto para comentários e sugestões até o próximo dia 07 de dezembro. As contribuições devem ser enviadas por escrito para o e-mail [email protected] .
Clique aqui para ter acesso ao documento, no portal da OBMigra.
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