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quinta-feira, outubro 3, 2024

Brasileira que venceu o Miss Itália vai usar conquista como forma de lutar contra xenofobia

Além de Glelany Cavalcante, outras modelos brasileiras também representaram os atuais países de residência em competições nacionais recentes de miss

Por Dominique Maia

A presença brasileira brasileira no Miss Universo deste ano não vai se restringir à candidata já eleita pelo concurso no Brasil. Isso porque Glelany Cavalcante, natural de Feira de Santana (BA), venceu o Miss Universo Itália 2024 e representará o país no concurso mundial, programado para acontecer no dia 16 de novembro, no México.

Desde sua vitória, confirmada em 18 de setembro, uma série de comentários xenofóbicos tem sido publicados nas redes sociais, que questionam sua legitimidade como representante italiana. Entre as críticas, destacam-se aquelas que questionam sua nacionalidade e o fato de não ter o italiano como língua nativa.

Glelany, por sua vez, mantém-se firme diante das provocações, preferindo não conceder espaço às manifestações ofensivas. Para a modelo, os ataques xenofóbicos são reflexo de ignorância. Ela afirmou ainda que pretende usar a conquista como forma de valorizar a diversidade e de combater a xenofobia.

“Ao representar a Itália no Miss Universo, levarei o poder da diversidade e da coragem. Simbolizo a união entre diferentes culturas, e o meu papel é mostrar que as fronteiras não definem quem somos, mas sim nossa força interior e capacidade de adaptação”, disse a nova Miss Itália em declaração pública.

Leia também: Entenda o debate sobre cidadania que está acontecendo na Itália

Universidade, miss e empreendedorismo

Nascida em Feira de Santana, Glelany se mudou para Brasília quando adolescente, onde teve os primeiros trabalhos como modelo. Antes, chegou a ser recepcionista em um hospital público e cursva Direito quando recebeu o convite para modelar na Itália, onde chegou em 2015.

Já no país europeu, Glelany conseguiu reestruturar sua vida e reconectar-se com suas raízes familiares, visto que seus bisavós nasceram no país. Nesse período, além de obter a cidadania italiana, ela abraçou a diversidade de sua própria trajetória, um aspecto que pretende destacar em sua participação no Miss Universo.

“Representar um país que me acolheu como lar independente de ter origem italiana, um sobrenome italiano, é um lembrete de que podemos criar conexões profundas, mesmo longe da nação onde nascemos”, reforçou Glelany.

Vencedora do Miss Itália 2024, brasileira Glelany Cavalcante representa o país no Miss Universo deste ano. (Foto: Divulgação)

Na Itália, a brasileira cursa o último módulo do curso de comunicação publicitária internacional. Ela também é proprietária de uma plataforma de e-commerce de moda, onde busca unir os estilos brasileiro e italiano.

Empoderamento de mulheres migrantes

Além de sua vitória e a projeção internacional, Glelany declarou que deseja ser um exemplo para outras mulheres que, como ela, migraram e enfrentam desafios para encontrar seu lugar em uma nova sociedade. Ela acredita que seu percurso pode inspirar outras mulheres a não desistirem de seus sonhos, independentemente das dificuldades encontradas no caminho.

A modelo também destaca a importância de sua herança cultural, trazendo consigo uma mistura única entre Brasil e Itália. Ela afirma que o sentimento de pertencimento, tanto em relação à sua família quanto ao país que escolheu viver, é algo que a motivou a seguir em frente.

Na final do Miss Itália, Glelany exibiu trajes de gala e fantasia, além de uma camiseta com uma citação de Audre Lorde, expressando seu comprometimento com a luta interseccional: “Até que todos sejam livres, nenhum de nós o será, mesmo que as suas correntes sejam diferentes das minhas”.

O foco de Glelany Cavalcante agora está em se preparar para o Miss Universo, onde pretende mostrar ao mundo a força da diversidade e o impacto que a migração pode ter na construção de identidades multiculturais.

Outras brasileiras em concursos de Miss mundo afora

Glelany não foi a única brasileira a participar de um concurso recente de miss por outro país neste ano. Nascida em Duque de Caxias (RJ), filha de pai suíço e mãe brasileira, Barbara Suter foi a vice-campeã do Miss Suíça, em competição realizada no sábado (28.set).

Em julho, a mato-grossense Raika Coutinho também foi vice-campeã, desta vez no Miss Canadá. Natural de Cuiabá, ela passou por Itália, México e Estados Unidos antes de se estabelecer no país norte-americano, em 2014.

Em 2009, o Canadá foi representado no Miss Universo por uma candidata nascida no Brasil, a paulista Mariana Valente.


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