Residente em Curitiba (PR), o poeta angolano Moisés Tiago António, ou simplesmente Moisés António, tem na condição de migrante uma de suas inspirações literárias.
Uma das mais recentes obras é o poema “Choro Inocente de Menino”, dedicado às crianças que ficam órfãs e desacompanhadas devido a conflitos armados no mundo todo – e muitas vezes se tornam migrantes forçadas.
No MigraMundo estão disponíveis outros dois de seus poemas: Sou Imigrante e Carta do Refugiado às Nações.
Moisés mantém ainda uma página no Facebook chamada Moisés E A Poesia, onde estes e outros poemas podem ser encontrados.
Choro Inocente de Menino
Um grito forte lançado
é um choro,
Que depois se transformou num sorriso!
Um sorriso
que o malefício roubou,
que a ganância sequestrou,
que a arrogância dos governantes egocêntricos tirou;
tirou a graça,
a paternidade. maternidade,
Reduzindo os corpos de seus pais…
às cinzas e ao nada
Fazendo o menino chorar desconsolado!
(Repito os versos de Maria de Lourdes Brandão/ Poetisa angolana)
Não existem carnes de canhão!
Eram corpos, vidas que davam e recebiam prazeres
hoje jogados nas valas transformados em carnes de canhão
ao nada, cheirando a morte!
Era choro antevendo tristeza,
após nascença!
Era sorriso agradecendo a Deus pela vida…
Que o ódio sarcástico roubou,
Que a ganância mefistofélica tirou de um menino,
Exatamente aquele que ainda não viveu…
Levando a vida de seus ente-queridos ao nada!
Choro inconsolável
Mas que pela graça,
tem ainda um Deus…
Que lhe concedeu esperança para um dia mais sorrir!